Covid-19: associação incita Câmara do Porto a reverter taxas turísticas para hospital de campanha

Organização ligada ao turismo pede que sejam investidas as receitas relativas aos meses de Fevereiro e Março e da taxa municipal de esplanada do ano de 2020.

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Nelson Garrido

A Associação Portuguesa de Hotelaria Restauração e Turismo (APHORT) incitou nesta quarta-feira a Câmara Municipal do Porto a reverter o valor das taxas de turismo a favor do hospital de campanha criado no Pavilhão Rosa Mota para combater a pandemia.

“No âmbito da recolha pública de angariação de fundos para o Hospital de Campanha do Porto que está a ser promovida, a APHORT convida o presidente da Câmara Municipal do Porto [Rui Moreira] a aplicar, nesse mesmo projecto, a quantia que a autarquia irá receber proveniente da cobrança da taxa municipal de turismo, relativa aos meses de Fevereiro e Março, e da taxa municipal de esplanada, relativa ao ano de 2020”, refere a associação em comunicado de imprensa divulgado nesta quarta-feira.

A Câmara Municipal do Porto cobra desde 01 de Março de 2018 uma taxa de dois euros por dormida aos visitantes que pernoitam no concelho, valor que é aplicado a hóspedes com mais de 13 anos, num máximo de sete noites seguidas.

Em 2018, a autarquia do Porto arrecadou 10,4 milhões de euros e contabilizou 5,2 milhões de dormidas, valor que subiu em 2019 para os 15,1 milhões de euros, montante que ainda não incluía a receita correspondente ao mês de Dezembro, avançava à Lusa, na altura, o vereador da Economia, Turismo e Comércio da Câmara Municipal do Porto, Ricardo Valente.

“Tendo em conta que a cobrança dessas taxas aos hotéis e restaurantes da cidade não foi suspensa, nem alvo de qualquer tipo de moratória, e numa altura em que a maioria dos hotéis do Porto se encontra de portas fechadas e os poucos restaurantes em actividade se viram obrigados a encerrar as suas esplanadas, por deliberação da própria Câmara, consideramos que esta nossa proposta seria uma medida justa e a forma mais adequada do turismo poder dar um contributo significativo à cidade”, defendeu o presidente da APHORT, Rodrigo Pinto de Barros.

O presidente da APHORT conta ainda que no início da crise no sector do turismo relacionada com a pandemia da covid-19 e para preservar empregos, a associação chegou mesmo a sugeriu ao município a “suspensão das taxas municipais, no âmbito de um pacote de medidas de apoio prioritárias para as empresas turísticas”.

“Esta proposta não chegou, contudo, a recolher a sensibilidade do município, sendo as suas razões desconhecidas para a APHORT”, refere Rodrigo Pinto Barros, incentivando a Câmara do Porto a “indicar o valor auferido através dessas taxas municipais” e apelando a que esse montante se reverta “a favor da protecção da saúde de todos os portuenses, através do projecto do Hospital de Campanha”.

“Esse valor poderá ser considerado como o contributo das empresas de turismo da cidade para a infra-estrutura de apoio à saúde criada no Super Bock Arena - Pavilhão Rosa Mota”, acrescentou o presidente da APHORT, associação nacional com sede no Porto e que conta com cerca de cinco mil associados.

O hospital de campanha Porto, instalado no pavilhão Rosa Mota, junto ao Jardim do Palácio de Cristal, começou a funcionar na terça-feira com 320 camas, destinando-se a doentes infectados com o novo coronavírus, assintomáticos ou com sintomas ligeiros, mas sem possibilidade de isolamento no domicílio.

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