Gatinhos fofos

Não preciso sequer de te conhecer mas se quiseres estabelecer comunicação, basta mandares-me uma mensagem. Responderei. Sei que estás, provavelmente, sozinho. E não tem de ser assim. Podes falar comigo. Podemos até, quem sabe, ser amigos.

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Priscilla du Preez/Unsplash

É verdade que os gatinhos são fofos, embora não seja sobre isso que te quero falar. O título foi só um chamariz, desculpa, mas aproveitando que já tenho a tua atenção, quero dizer-te que simpatizo contigo. Sim, contigo, querido leitor. Não leves a mal o excesso de intimidade ao chamar-te querido.

Simpatizo contigo porque, apesar de te ter enganado nas primeiras linhas, continuaste aqui, comigo. E sabes uma coisa? Não tenho nada de importante a dizer-te, só queria a tua atenção, a tua companhia. O que tenho para te dar é isto — a inutilidade de me leres e, ainda assim, sentires-te acompanhado, sentires que alguém pensou em ti enquanto escrevia, nos teus olhos gentis e crédulos, que percorrem linha a linha o que digo. Já viste? Estás aí, a ler, é claro que gosto de ti.

Não preciso sequer de te conhecer mas se quiseres estabelecer comunicação, basta mandares-me uma mensagem. Responderei. Sei que estás, provavelmente, sozinho. E não tem de ser assim. Podes falar comigo. Podemos até, quem sabe, ser amigos. Posso garantir-te que nunca falaremos de gatinhos fofos; não tenho nada contra, mas não é tema que me suscite interesse. Podemos falar de outras coisas, do que nos apetecer. Podes até escrever-me um poema, se for piroso tanto melhor, gosto de me rir e os poemas pindéricos são mais eficazes do que a maioria das anedotas.

Procura-me no Instagram, no Facebook, onde te apetecer. Ou não me procures em lado nenhum. Só saber que me leste até aqui já é bom. Já fomos amigos durante este bocadinho. A amizade não tem de durar a vida toda. Os gatinhos também não são fofos para sempre. Crescem e cai-lhes o diminutivo.

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