Covid-19: Malta pede à UE 100 milhões de euros para ajudar migrantes na Líbia

Há fugas de centros de detenção de migrantes a abarrotar e milhares de pessoas desesperadas a tentarem alcançar a Europa, alertou o Governo maltês. Malta e Itália fecharam os portos a migrantes que cruzam o Mediterrâneo.

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Uma das quatro embarcações que pediram socorro na semana passada foi auxiliada por Malta Reuters/DARRIN ZAMMIT LUPI

O Governo de Malta pediu à União Europeia que seja lançada uma acção urgente de apoio humanitário à Líbia, no valor de 100 milhões de euros, para evitar um desastre por causa do novo coronavírus. Mais de meio milhão de migrantes concentram-se nas zonas costeiras para tentarem fugir de um país em guerra e alcançar a Europa, e a situação está a tornar-se insustentável.

A pandemia pode ser o golpe final num país dividido por uma guerra civil que dura praticamente desde a queda do poder do coronel Kadhafi, em 2011, com múltiplos interesses geoestratégicos e que serve de placa giratória para os milhares de migrantes e refugiados que tentam todos os anos chegar à Europa e que morrem no deserto ou em naufrágios no Mediterrâneo.

“Os campos de detenção de migrantes estão lotados e, de acordo com vários relatos credíveis, milhares de migrantes saíram”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros de Malta, Evarist Bartolo, citado pela Reuters. “Neste contexto terrível, estão reunidos todos os ingredientes para um grande desastre humanitário, pois estas pessoas desesperadas vêem o Mar Mediterrâneo como a sua única escapatória”.

Numa mensagem enviada nesta terça-feira ao chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, o ministro maltês sublinha que 650 mil pessoas estão neste momento na Líbia em situação humanitária “desesperante”, a tentarem alcançar a Europa.

Nesse sentido, La Valetta pede o envio de uma missão humanitária europeia com carácter de urgência para a Líbia e que deve prever a distribuição de medicamentos e equipamentos sanitários.

“A ajuda humanitária da União Europeia é urgente e importante e deve ser enviada hoje e não amanhã”, disse Bartolo, que propõe que sejam disponibilizados 100 milhões de euros para o efeito.

O Governo de Malta diz que está preparado para “desempenhar funções” nas áreas logísticas que podem permitir enviar a ajuda humanitária, apoiando Trípoli para conseguir material médico necessário e evitar a propagação da pandemia de covid-19.

Em plena crise do novo coronavírus, Itália e Malta fecharam os portos aos refugiados na semana passada, declarando-os “inseguros” devido à pandemia, uma decisão criticada pelas organizações não-governamentais.

Os governos de ambos os países têm sido acusados de abandonar as pessoas no mar, não respondendo aos seus pedidos de ajuda, frisa o jornal Times of Malta. O início da Primavera é, precisamente, quando começa o período alto das tentativas de travessia do Mediterrâneo em frágeis embarcações.

Na semana passada, quatro destas embarcações cheias de gente fizeram-se ao mar vindas da Líbia, mas viram ser-lhes recusada ajuda, tanto por Malta como por Itália, recorda o Times of Malta. Ainda assim, as autoridades maltesas socorreram na semana passada 67 pessoas que se encontravam a bordo de uma embarcação, tendo sido colocadas em quarentena.

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