Bernie Sanders apoia Joe Biden na corrida à Casa Branca

O antigo candidato à nomeação presidencial democrata justificou o apoio dizendo ser necessário impedir que Donald Trump cumpra um segundo mandato.

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O senador americano tenta sarar as feridas abertas no seio do Partido Democrata JIM LO SCALZO/LUSA

Bernie Sanders apoiou esta segunda-feira Joe Biden, antigo vice-presidente de Barack Obama e o mais que certo candidato democrata, na corrida à Casa Branca deste ano. O senador do Vermont fê-lo depois de na semana passada ter suspendido a sua campanha para a nomeação presidencial, por ser “virtualmente impossível” sair vencedor. 

“Peço a todos os americanos, peço a todos os democratas, peço a todos os independentes, peço a muito republicanos, para que se juntem a esta campanha para apoiarem a tua candidatura, que eu apoio”, disse Sanders numa conversa com Biden transmitida online. “Temos de fazer com que Trump cumpra apenas um mandato e farei tudo para que isso aconteça”, continuou o senador. 

Poucos minutos depois, Biden respondeu agradecendo o apoio, “que significa muito”. “Aprecio a tua amizade e prometo que não te vou desiludir”, disse Biden. 

O antigo vice-presidente é o mais que certo candidato democrata à Casa Branca, mas tem ainda de ser confirmado como tal na convenção, adiada de Julho para Agosto, sem que se saiba se vai mesmo acontecer nesta data. A acontecer nessa data, será uma semana antes da convenção republicana que confirmará Donald Trump como candidato. 

Pouco antes de participar na conversa, Sanders já tinha dado a entender que poderia vir a apoiar publicamente o seu rival democrata, pois anunciou que iria fazer um “anúncio”. A imprensa americana já vinha a especular sobre a hipótese de o senador o fazer, dado ter dito, aquando do anúncio da suspensão da campanha, estar disposto a “trabalhar” com o antigo vice-presidente. 

A campanha para a reeleição de Donald Trump a presidência dos EUA divulgou rapidamente uma declaração em que ataca Joe Biden. “É mais uma prova de que apesar de Bernie Sanders não concorrer em Novembro, os seus temas de campanha vão estar no boletim de voto”, afirmou o gestor da campanha de Trump, Brad Parscale, citado pelo Guardian.

Sanders, de 78 anos, foi em tempos o candidato favorito à nomeação democrata, mas sofreu uma série de derrotas nas primárias em Março, nomeadamente na Carolina do Sul, na Florida e no Michigan, e suspendeu a campanha por ser “virtualmente impossível” sair vencedor, nas palavras do próprio.

No entanto, o senador vai manter-se nos boletins de voto democratas até à convenção, para conquistar o maior número possível de delegados que lhe permitam influenciar, à esquerda, o programa do Partido Democrata nas presidenciais deste ano. 

O apoio de Sanders a Biden contrasta com a posição que assumiu nas primárias de 2016, quando enfrentou Hillary Clinton e foi derrotado. O senador apenas apoiou formalmente a sua antiga rival na convenção democrata, quando já estava fora da corrida, e fê-lo muito timidamente. O peso que teve na altura conseguiu encostar o Partido Democrata à esquerda. 

As palavras de apoio de Sanders são uma tentativa de sarar as feridas abertas no Partido Democrata depois de meses de confrontos entre a ala mais à esquerda e o centro. A imprensa americana tem dito que os apoiantes mais fervorosos de Sanders se poderiam recusar a apoiar Biden, enfraquecendo o campo democrata, na corrida para evitar um segundo mandato presidencial a Donald Trump, e é isso que o senador quer evitar.

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