Catarina Martins responde a Costa: “Não aceitámos austeridade em 2011 e não aceitaremos em 2021”

Depois de António Costa ter dito que esperava que o Bloco de Esquerda não apoiasse o Governo “só no tempo das vacas gordas”, a líder do Bloco de Esquerda respondeu que o partido se mantém irredutível contra políticas de austeridade.

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Catarina Martins diz que se a anterior legislatura foi "tempo de vacas gordas" então o Governo errou por não investir no SNS Nuno Ferreira Santos

António Costa garantiu que não irá recorrer às soluções impostas aos portugueses em 2008, para responder à crise financeira de então, mas a líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, aponta ao líder do Governo “o discurso da falhada austeridade da troika”. Em resposta ao primeiro-ministro, que este sábado disse contar com o apoio dos antigos parceiros da coligação parlamentar à esquerda ―PCP e BE ―, Catarina Martins afirmou que os bloquistas estão disponíveis para ajudar a combater a crise, mas à maneira do BE: sem austeridade nem cortes no investimento público. Catarina Martins responde a Costa: “Não aceitámos austeridade em 2011 e não aceitaremos em 2021”, vincou.

Ao aviso feito por António Costa de que ficaria “muito desiludido” se só contasse com o PCP e com o Bloco de Esquerda “em momentos de vacas gordas e em que a economia está a crescer”, Catarina Martins respondeu com cepticismo, questionando a designação “tempo das vacas gordas" para os últimos quatro anos. Se a anterior legislatura foi o “tempo das vacas gordas”, então o Governo devia ter aproveitado para investir o Serviço Nacional de Saúde, apontou a líder bloquista. 

“Este é um momento de aprender com os erros do passado e de não cair nas armadilhas de sempre”, diz Catarina Martins. Por isso, avisa que o BE está disponível para apoiar o Governo numa resposta à crise económica, mas de acordo com uma determinada política e estratégia. “O que é preciso”, defende Catarina Martins, “é puxar pelo emprego, proteger os serviços públicos e ter um investimento público que seja contracíclico”. 

“Quando o sector privado estiver mais frágil, o Estado vai ter de investir mais para puxar pela economia”, considera a líder do BE, antes de argumentar que foi essa a estratégia usada pela coligação à esquerda. “Foi assim que fizemos em 2016 e na última legislatura”, afirmou. Nas palavras da líder do Bloco, cortar no investimento público será “um erro tremendo”, que só acrescentará “crise à crise”.

“Quando nos diziam que cortar salários era o único caminho e que o aumento das pensões ia trazer o diabo, a ousadia de aumentar os salários e as pensões trouxe mais sustentabilidade às contas da Segurança Social”, declara. “O erro foi o Governo não ter investido tudo o que podia no Serviço Nacional de Saúde ou não ter combatido a precariedade”.

Não obstante, o Bloco responde ao repto de unidade nacional e diz que este é um tempo de “juntar gentes e vontades” por um programa que combata o desemprego e que desenvolva o país”. 

“O BE está disponível para esse debate e para essas soluções”, reafirmou a líder bloquista. Já esta sexta-feira, em entrevista ao semanário Expresso, a líder do BE afirmava que têm existido “muitas reuniões” em “várias áreas” para trabalhar sobre um caminho alternativo à austeridade.

​Apontando que ​​​o líder do PSD, Rui Rio, que já sugeriu um governo de salvação nacional, “repete que o que se gastar agora vai ter de pagar no futuro”, Catarina Martins antecipa que um bloco central entre o PS e o PSD só servirá para impor medidas de austeridade. Para o BE, uma solução de bloco central seria um erro tremendo”. “Pela parte do BE, não faltará maioria para que o Estado seja um agente para sairmos da crise e não para nos empurrar mais”, contrapõe.

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