No futebol, os treinos fazem-se por videoconferência

Testemunho de André André, futebolista do V. Guimarães. “Nem preciso de despertador: os meus filhos são dois relógios de uma pontualidade a toda a prova, o que ajuda a começar o dia bem cedinho.”

Como não podia deixar de ser, especialmente num momento tão delicado e crucial para contermos esta epidemia, estou com a minha família a cumprir escrupulosamente o período de isolamento social.

Como ninguém sabe ao certo quando será seguro voltarmos às nossas rotinas, e até para tentar tornar os dias um pouco menos claustrofóbicos e evitar a sensação de estarmos reféns do vírus, optámos por nos mudar para a casa de campo, em Macieira de Rates, que por sinal fica até bem pertinho da zona onde moro, sensivelmente a meio do trajecto entre Guimarães e Vila do Conde.

Aliás, essa foi uma decisão instintiva, sobretudo por causa dos miúdos. Logo desde o início, decidimos instalar-nos aqui porque para eles seria muito complicado ficarmos enclausurados tanto tempo numa casa, quando temos esta alternativa, com imenso espaço – o que desde logo nos dá outra liberdade – para podermos desfrutar sem corrermos o risco desnecessário de sair, simplificando muito este período. Assim, ninguém fica tão aborrecido e os miúdos acabam por poder entreter-se sem grandes problemas.

Apesar de todas as limitações, é preciso continuar a trabalhar, de preferência sem quebrar os hábitos de um dia normal de treino. Já basta termos de cumprir a preparação à distância. Por isso, acordo sempre por volta das 8h. E nem preciso de despertador: os meus filhos são dois relógios atómicos, de uma pontualidade a toda a prova, o que ajuda a começar o dia bem cedinho.

Tomar um bom pequeno-almoço, rico e equilibrado, é fundamental para termos energia para enfrentar mais um dia. Depois, há que preparar todo o material de que necessito para o treino. Apesar de não podermos estar fisicamente juntos em Guimarães, cumprimos sempre os nossos treinos virtuais, por videoconferência. A sessão começa às 10h horas e acabamos por nos abstrair um pouco desta situação. Segue-se o banho da ordem e fico pronto para brincar com os meus filhotes até à hora de almoço.

A diversão não podia deixar de incluir o futebol, mas também jogamos basquetebol, trepamos às árvores, brincamos às escondidas… basicamente, temos sorte de podermos estar sempre ao ar livre porque a casa tem uma área que nos permite explorar todos os recantos sem nos expormos.

Quando damos conta, já é hora de lavar bem as mãos para irmos almoçar. Quando fazemos churrasco, ainda dou uma ajudinha. À tarde, aproveito a hora da sesta dos miúdos e deito-me um bocadinho com eles para recuperar energias. A partir daí, é outra vez tempo de brincadeira. Agora começaram as férias, mas desde que as escolas encerraram havia sempre actividades e trabalhos propostos pelos professores, sobretudo do colégio do mais velho.

Por volta das 19h é tempo de abrandar o ritmo, de recolher, dos banhos e de jantar. Depois de uma história, chega a hora de dormir. Assim, só a partir das 21h30 é que tenho algum tempo para relaxar um bocado, falar com a família e os amigos, jogar um pouco de PlayStation ou ver umas séries antes de me preparar para um novo dia, sempre à espera que esta pandemia seja contida e que surja uma cura ou vacina para travar o número assustador de vítimas.

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