Em tempos de isolamento social, travar a pirataria é defender a economia

Urge reforçar a mensagem: dizer “não” a conteúdos pirateados é salvar a indústria cinematográfica, as empresas de televisão e garantir que o nosso jornalismo nacional se mantém de qualidade.

Vivemos tempos difíceis, com desafios e obstáculos que nenhum de nós pensou alguma vez viver nestes moldes. Nestes tempos tão desafiantes, somos coletivamente chamados a uma fortíssima autodisciplina, e a reinventar as nossas próprias rotinas pessoais e profissionais, limitados na nossa liberdade de circulação, que é um bem essencial. 

Tudo com um objetivo que justifica: a necessidade imperiosa de evitar a perda de vidas humanas!

Da mesma maneira, importa também impedir que empresas ou cidadãos com menores escrúpulos aproveitem o isolamento voluntário da maioria de nós para obterem lucros indevidos, através da distribuição ilícita de conteúdos.

Esta atividade já era bastante lesiva dos setores da criação intelectual, mais frequentemente nas camadas mais jovens da população. Mas, com a maioria da população em casa, a cumprir o seu dever de isolamento e proteção da saúde de todos e cada um de nós, surge também um imensa oportunidade, que representa milhões de espectadores “fechados” em casa e com disponibilidade de tempo para ver conteúdos de televisão.

Existem no mercado vários produtos, muitos deles disponibilizados em linha, alguns até fornecidos por distribuidores conceituados, que oferecem o acesso gratuito, ou a preço reduzido, a todo o tipo de conteúdos de televisão e cinema. Alguns são até disponibilizados com melhor qualidade de imagem e som do que os próprios operadores legítimos, em particular, porque o tráfego de dados para entretenimento perde prioridade para as comunicações de emergência, não afetando linhas dedicadas para onde o tráfego é desviado. É também responsabilidade nossa, nesta altura, travar a pirataria digital. Desta forma estamos também a defender e a proteger a economia nacional, que se ressente em todos os setores, sem exceção, mas também em especial no setor cinematográfico, audiovisual e na comunicação social.

Só esta atitude responsável, de todos os consumidores, pode impedir que esta crise determine o fim da produção audiovisual, da televisão e do jornalismo sério e profissional.

A comunicação social é um garante da democracia, com uma relevância ainda mais particular no atual estado de emergência e vive dias difíceis, quer por quebras de vendas, quer porque, em especial na imprensa escrita, circulam conteúdos pirateados, em formato PDF, de forma ilegal, e são amplamente disseminados. É urgente que se combata esta situação! Por isso, a FEVIP – Associação de Defesa de Obras Audiovisuais, juntou-se ao apelo de vários diretores de jornais e revistas em Portugal, para que os cidadãos não descarreguem nem consumam este tipo de conteúdos pirateados e assinem as publicações que querem receber, para manifestar o seu apoio, tão necessário nesta altura.

O jornalismo independente, de confiança e verdadeiro é também uma das nossas maiores armas no combate a esta pandemia. Pondo as empresas de comunicação social em risco, ficam os cidadãos à mercê dos perigos tóxicos das fake news, que também circulam sem controlo nas redes sociais, confundindo e fragilizando toda a Sociedade.

Também no setor cinematográfico e audiovisual a autodisciplina e a consciência de quem quer preservar postos de trabalho é a única forma de contribuir ativamente para manter a qualidade dos filmes, séries, novelas, de toda a produção audiovisual, atual e futura.

Urge reforçar a mensagem: dizer “não” a conteúdos pirateados é salvar a indústria cinematográfica, as empresas de televisão e garantir que o nosso jornalismo nacional se mantém de qualidade, independente, verdadeiro e, acima de tudo, ao nosso serviço, ao serviço do público.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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