Quase 80% das organizações sociais portuguesas com quebra de receitas

O estudo foi divulgado pela Nova School of Business and Economics.

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ADRIANO MIRANDA

A grande maioria das organizações sociais (77%) em Portugal tem as suas receitas em queda devido à situação causada pela pandemia da covid-19, segundo um estudo divulgado pela Nova School of Business and Economics (Nova SBE).

“Considerando o estado de confinamento e distanciamento social presente, as organizações estão a sentir os efeitos destas medidas na sua actividade e em particular na sua capacidade de gerar receitas”, assinalou o relatório, indicando que “apenas 23% das organizações consideram que não existe uma queda de receitas”.

Do universo de 232 entidades que participaram no estudo, distribuídas por todo o território português, a grande maioria aponta para uma “queda significativa” das receitas associadas à prestação de serviços (34%), das actividades de angariação de fundos e donativos (29%) e também das mensalidades ou quotas de associados (26%).

Cerca de 40% das organizações tem uma quebra na facturação superior a 30%, sublinhou a Nova SBE. O questionário para aferir o impacto da covid-19 e do Estado de Emergência nas organizações sociais portuguesas decorreu entre 20 de Março e 3 de Abril, com o objectivo de “identificar quais os principais impactos negativos de que as organizações deste sector estão a ser alvo”.

Entre as organizações questionadas, a maioria tem o serviço social (centros sociais e lares) como principal actividade (53%), seguidas das dedicadas à educação (14%) e à saúde (8%). Já a nível de custos, o estudo conclui que há um efeito menor do que nas receitas, uma vez que a maioria das organizações respondeu que não sentiu até ao momento um aumento dos seus custos (55%).

Das entidades que assumiram a subida dos custos, a maior fatia (40%) das inquiridas apontou para a aquisição de equipamento de protecção, desinfecção e segurança como a principal explicação.

No que toca ao acesso a apoios financeiros, o estudo salientou a existência de “uma grande proporção de respostas (65%) que indica não existir, ou existir uma elevada incerteza, a nível do impacto em apoios financeiros”.

Segundo este trabalho do Nova SBE Data Science Knowledge Centre, em parceria com o Nova SBE Leadership for Impact Knowledge Centre, o actual momento “está a comprometer significativamente os serviços das organizações deste estudo ao seu beneficiário”. Desde logo, devido ao encerramento total ou parcial das instalações onde as organizações sociais realizam as suas actividades. E 80% das organizações questionadas indica que foi encerrada alguma actividade aberta ao público.

Questionadas sobre se acham que este surto está a criar algum novo problema social, a grande maioria (78%) falou de uma crise social e financeira, em paralelo com o aumento da pobreza. O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou mais de 1,4 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 82 mil.

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direcção-Geral da Saúde, registaram-se 380 mortes, mais 35 do que na véspera (+10,1%), e 13.141 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 699 em relação a terça-feira (+5,6%).

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