Alemanha recebe 50 menores de campos na Grécia, Luxemburgo 12

O grão-ducado será o primeiro a concretizar a oferta, seguindo-se Berlim. O Governo alemão diz que se trata de um primeiro passo e que espera que os outros países que se ofereceram para acolhimento (incluindo Portugal) também cumpram o seu compromisso.

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Haverá cerca de 5500 menores sem família nos campos das ilhas gregas ELIAS MARCOU/Reuters

A Alemanha vai receber, na próxima semana o mais tardar, 50 menores que estão na ilha grega de Lesbos, no que classifica como um “primeiro passo” para a retirada de menores que estão sozinhos na ilha. O Luxemburgo foi o primeiro país a pôr em marcha o acolhimento de 12 menores, o que deverá acontecer na próxima semana, anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn. 

Em ambos os casos, os menores terão de fazer quarentena por se temer que possam estar infectados com o novo coronavírus. Apesar de não haver casos confirmados de infecção nos campos de refugiados nas ilhas, já há casos em dois campos na Grécia continental.

A proposta do Governo alemão foi aprovada em reunião do Executivo esta quarta-feira e apresentada como um primeiro passo num plano mais ambicioso, mas mesmo assim foi alvo de crítica interna - o diário Der Tagesspiegel comentava que receber apenas 50 pessoas era “uma piada”. Antes, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Heiko Maas, mencionou disponibilidade do país para acolher entre 300 a 500 menores não acompanhados, ressalvando que esse seria um número total a longo prazo.

Um porta-voz do Ministério do Interior da Alemanha notou que esta decisão faz parte de um acordo entre cerca de dez países europeus. “Por causa de desafios internos” provocados pela pandemia do coronavírus, “há demoras compreensíveis neste momento em alguns países”, disse o Ministério em comunicado. “Mas a Alemanha tem a expectativa de que estes países mantenham o seu compromisso.” 

“Não queremos esperar mais tempo pelos outros, e por isso estamos a começar primeiro”, dissera antes Maas. 

Entre estes países são, além da Alemanha e Luxemburgo, Portugal, França, Finlândia, Irlanda, Croácia e Lituânia. Segundo anunciou esta quarta-feira a Comissão Europeia, juntaram-se entretanto a Bélgica e a Bulgária - o que fará com que o número de menores a ser recebido por estes países possa ser mais do que os 1600 prometidos até agora pelos outros oito.  

O Governo grego agradeceu entretanto ao Luxemburgo, que deverá ser o primeiro país a receber alguns menores. O país conseguiu concretizar a sua oferta “apesar das circunstâncias difíceis da pandemia”, sublinhou o vice-ministro das Migrações e Asilo, Giorgos Koumoutsakos, e por isso “criou um exemplo positivo para os outros parceiros europeus”.

Responsáveis gregos agradeceram também a acção da Alemanha, mas explicaram, citados pelo diário britânico The Guardian, que o pedido de receber apenas raparigas com menos de 14 anos deveria levar a que o processo fosse mais demorado.

Segundo o porta-voz da Comissão Europeia Adalbert Jahnz, a iniciativa de recolocação dos menores tornou-se “mais urgente” mas também “mais difícil” por causa da pandemia. Está a decorrer o trabalho para definir o realojamento (selecção dos candidatos, voos, etc.) mas os países não têm de esperar que este trabalho esteja concluído para receber refugiados porque as autoridades gregas já identificaram os candidatos elegíveis para a iniciativa, apontou.

Entre os refugiados que estão em campos em cinco ilhas do Egeu - que serão mais de 42 mil - há pelo menos 5500 menores que estão sozinhos, sem família e segundo a Unicef, mais de três quartos dos menores não acompanhados vêm de três países: Afeganistão (44%), Paquistão (21%) e Síria (11%). A Europol diz que 10% têm menos de 14 anos.

A Grécia tem descrito os campos nas ilhas como “uma bomba relógio” em termos de saúde. No continente, foi na semana passada detectado o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus num campo de refugiados, numa mulher que estava no hospital para dar à luz (outras 20 pessoas testadas tiveram também resultados positivos e o campo foi posto em quarentena). No domingo, um novo caso, de um homem com 53 anos, levou a que um segundo campo também no continente, fosse posto em quarentena.

com Rita Siza, Bruxelas

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