Galp corta mil milhões em custos e investimento

Queda na procura e nos preços leva petrolífera portuguesa a rever estratégia para 2020 e 2021.

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Paulo Pimenta

A queda acentuada do preço dos produtos petrolíferos e na respectiva procura levou a administração da Galp a decidir-se por um corte de 500 milhões de euros em despesas operacionais e em investimento nos anos 2020 e 2021, num total de mil milhões de euros.

A decisão da petrolífera portuguesa foi comunicada nesta quarta-feira de manhã ao mercado, através do regulador da bolsa, a Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

“Considerando a queda acentuada da procura e dos preços dos produtos petrolíferos, a Galp encontra-se a desenvolver acções com vista a reduzir significativamente as despesas nos próximos trimestres”, lê-se no comunicado, que inclui indicadores do primeiro trimestre que já reflectem o recuo no negócio. As contas finais destes três meses serão apresentadas a 27 de Abril.

A empresa diz que algumas das medidas de contenção “já estão em curso” e outras chegarão “de acordo com a evolução do mercado”.

O investimento líquido previsto em Fevereiro situava-se, em termos médios, entre os 1000 milhões de euros e os 1200 milhões, por ano até 2022. A empresa estava a prever a distribuição de dividendos, mas esta actualização que a equipa de gestão liderada por Carlos Gomes da Silva publica agora não faz referência a esse aspecto. Apontava-se para um dividendo de 0,69575 euros por acção, reflectindo uma subida de 10%.

Em termos homólogos, o primeiro trimestre de 2020 pauta-se por crescimentos, mas em cadeia o desempenho nos primeiros três meses de 2020 fica abaixo dos resultados do quarto trimestre de 2019, o que já traduzirá o choque na procura causado pela pandemia de covid-19.

As quebras mais significativas ocorrem precisamente na refinação e no comercial. A margem de refinação caiu 19% em termos homólogos e 43% em cadeia para 1,9 dólares por barril. As vendas de produtos petrolíferos aumentaram 13% em termos homólogos e caíram 2% face aos últimos três meses de 2020.

Na vertente comercial, as vendas caíram 13% em termos homólogos (-10% em cadeia), enquanto as vendas de gás natural baixaram 24% em termos homólogos (-13% em cadeia). Já na electricidade registaram-se aumentos homólogos de 7% e 11%.

No final do passado mês de Janeiro, a Galp anunciou a aquisição de vários projectos de produção de energia solar fotovoltaica, por 2200 milhões de euros. O acordo com o grupo ACS envolve uma capacidade instalada de 2,9 gigawatts (GW).

Na bolsa de Lisboa, o anúncio do corte em custos e investimentos é acompanhado por uma trajectória descendente. A cotação da Galp estava a cair 2,54%, por volta das 10h.

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