A Música Portuguesa a Gravar-se a Ela Própria: Ricardo Ávila - Velhas ao Covide

Da ilha Terceira, uns versos escritos pelo Ricardo Ávila. "Uma velha passeava/ E às tantas encontrava/ Agente d’autoridade/ Pela sua protecção/ E saúde da nação/ Vá p'ra casa por piedade./ A minha casa tem porta/ E a porta tem postigo/ P'ra tu pores a cabeça/ E conversares comigo/ Ficou com as faces vermelhas/ Das bochechas às orelhas/ O agente bonitão/ Volte à sua moradia/ Não são dias de folia/ E esfregue as mãos com sabão/ Esfrego tudo o que quiseres/ Da cabeça aos calcanhares/ Vou p'ra casa num instante/ Mas só se me acompanhares/ Mais uma vez, o agente/ Considerou impertinente/ A atitude da avozinha/ Ouça a minha sugestão/ Senão vai para a prisão/ E só sai de manhãzinha./ Pois então para casa eu vou/ Fica aqui já a dois passos/ Mas meu coração ficou/ Na cadeia dos teus braços./ Foi cada um para seu lado./ Fica o amor adiado/ Para outra ocasião./ A avozinha no seu lar/ Lavou as mãos a pensar/ No agente bonitão./ Lavou braços, lavou pernas/ E nisto se entusiasmou/ Onde não chegava a escova/ Foi chegando meu avô/ Foi assim desta maneira/ Com as Velhas da Terceira/ Que aliviei minha pena/ Honro meus antepassados/ Que estarão bem resguardados/ Já não fazem quarentena/ Adeus e muito obrigado/ Não passou de uma graça/ Se ficaste entediado/ Lava as mãos que isso passa." 

Em tempos de isolamento social devido ao surto do novo coronavírus, Tiago Pereira, fundador do projecto A Música Portuguesa a Gostar Dela Própria, está a convidar artistas de todo o país a filmarem-se a tocar uma canção. É A Música Portuguesa a Gravar-se a Ela Própria — e agora o P3 vai partilhar regularmente vídeos desta série.