Covid-19: número de casos e mortes volta a atingir crescimento mínimo em Portugal

Há 1099 pessoas internadas em hospitais e 270 nos cuidados intensivos. Até esta segunda-feira foram contabilizadas 140 pessoas que recuperaram da doença — mais 65 em apenas 24 horas.

Foto
PAULO PIMENTA

Até esta segunda-feira foram registadas 311 mortes em Portugal devido à covid-19, mais 16 do que no dia anterior — o número mais baixo desde o início do surto. De acordo com os últimos números, desde o início de Março, já se contabilizam 11.730 casos confirmados de infecção em Portugal — mais 452 do que no domingo —, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 4%, de acordo com os dados disponibilizados pelo boletim epidemiológico diário da Direcção-Geral da Saúde (DGS). É o menor crescimento de casos positivos desde o início da pandemia em Portugal

Estão internadas 1099 pessoas e há 270 pessoas nos cuidados intensivos (mais seis do que no domingo).

Os dados da DGS mostram ainda que há 4500 pessoas a aguardar resultado laboratorial e 140 pessoas curadas, mais 75 do que no domingo. É um indicador positivo porque é o crescimento mais alto desde o início do surto. Para que uma pessoa seja considerada curada tem de ter pelo menos dois testes negativos.

No domingo tinham sido registados em Portugal um total de 295 mortes e 11.278 infectados.

Região Norte é a que soma mais casos positivos e mortes

A região Norte continua a ser aquela onde se contabilizam mais casos positivos (são 6706) e mais mortes (168). Mas se olharmos para os dados por concelhos disponibilizados pela DGS, Lisboa continua a ser o concelho com mais casos (699), seguido do Porto (689), Vila Nova de Gaia (518) e Gondomar (489).

Estes números podem, no entanto, ser superiores aos que constam no boletim. De acordo com a DGS, os números são do sistema SINAVE (Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica), que corresponde a 78% dos casos confirmados.

Em Ovar, concelho que está sob a apertada vigilância de uma cerca sanitária desde o dia 18 de Março, registaram-se 244 casos positivos – menos 14 casos do que no domingo. Estes números são contabilizados de forma cumulativa e, portanto, esta situação não devia acontecer.

A DGS justifica-se com um “reajuste”, deixando de apresentar os dados por concelho de ocorrência, e apresentando agora por área de residência dos doentes.

Quando às vítimas mortais, a maioria (cerca de 96%) continua a ter mais do que 60 anos. Em conferência de imprensa, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, anunciou que a taxa de letalidade global da doença é agora de 2,7%, mas que, para as pessoas acima dos 70 anos é de 10,5%. 

Mais de 110 mil testes de diagnóstico desde o início de Março

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, garantiu na conferência de imprensa desta segunda-feira que Portugal continua a aumentar a quantidade de testes efectuados e que desde o dia 1 de Março já foram feitos mais de 110 mil testes de diagnóstico. “A nossa capacidade instalada para o diagnóstico é de 11 mil testes por dia, 7 mil no público e 4 mil no privado”, avançou o secretário de Estado da Saúde.

“Portugal tem uma testagem de cerca de dez mil e quinhentas amostras processadas por milhão de habitantes, o que está em linha, e em alguns casos acima, de países como a Suécia, Dinamarca e não muito longe da Itália”, reiterou.

Sobre o mesmo assunto, Graça Freitas, afirmou que os testes têm estado a ser realizados em cidadãos que precisam de ser testados. “A principal preocupação em Portugal é testar pessoas que manifestam qualquer tipo de sintomas mesmo que sejam muito ligeiros. Nós abrimos a rede para conseguirmos captar qualquer pessoa que tenham uma sintomatologia mínima”, garantiu, sublinhando que caso existam assimetrias regionais na realização de teste estão relacionadas com a distribuição actual da doença em território português. 

Questionada sobre a detecção do vírus em pessoas que já foram consideradas “recuperadas”, a directora-geral da Saúde afirmou que Portugal não está actualmente a fazer um segundo testes a estes cidadãos a menos que exista evidência científica de que é necessário voltar a testar, frisando que estes casos são raros e que foram detectados maioritariamente na China. 

Mais de 1000 ventiladores a caminho

Também vai chegar mais material para enfrentar a pandemia, garante o secretário de Estado da Saúde. “Durante esta semana, chegam a Portugal 550 ventiladores, e na próxima semana depois da Páscoa mais 500”, disse. A estes juntam-se as doações feitas por várias entidades da sociedade civil.

Com mais de 1000 pessoas internadas em hospitais – e 270 nos cuidados intensivos – é de esperar que os serviços de saúde comecem a ficar sobrecarregados, mas o material está a ser distribuído esta segunda-feira (e o restante que deverá chegar nas próximas semanas) irá ajudar a diminuir essa pressão: “A questão dos cuidados intensivos é muito volátil do ponto de vista da gestão porque aquilo que é hoje a capacidade pode mudar amanhã, para melhor ou pior. Acreditamos que com o material que adquirimos ao longo destas semanas teremos capacidade para enfrentar uma situação menos boa”, disse António Lacerda Sales.

Portugal está em estado de emergência desde dia 18 de Março devido à pandemia de covid-19 – uma medida prolongada na passada quinta-feira até 17 de Abril. Este estado pode sofrer novos prolongamentos e espera-se que isso aconteça pelo menos até que a doença seja dada como dominada em Portugal.

Em todo o mundo, há mais de 1,2 milhões de casos positivos desde que foi identificada, em Dezembro, em Wuhan, na China. A covid-19 já matou 69.555 pessoas, mas já 264.439 pessoas conseguiram recuperar em todo o mundo.

Sugerir correcção
Ler 63 comentários