Covid-19: Portugal tem 295 mortes e 11.278 infectados

Há mais 29 mortes e 754 casos. Taxa de crescimento de casos diagnosticados é de 7,2%. Lisboa e Porto mantêm-se os concelhos com mais casos e o Norte continua a ser a região mais afectada.

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Manuel Roberto

Portugal registou até este domingo 295 mortes, mais 29 que no sábado, e 11.278 casos de covid-19. São mais 754 casos que no dia anterior, correspondentes a uma taxa de crescimento de 7,2%.

Há 1084 pessoas internadas, 267 nos cuidados intensivos (mais 16 que no sábado, um crescimento de 6,4%), de acordo com o boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS) deste domingo.

O número de recuperados mantém-se nos 75. Há 4962 pessoas a aguardar resultado laboratorial e 23.209 estão sob vigilância das autoridades de saúde.

No sábado, Portugal tinha registado um total de 266 mortes e 10.524 casos de infecção.

Pressão sobre internamento cresceu

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse, na conferência de imprensa de análise ao boletim da DGS, que a pressão sobre o internamento hospitalar está a crescer. “É particularmente importante percebermos que a pressão está a crescer e daí retiremos consequências”, afirmou. O Serviço Nacional de Saúde terá de fazer um “reforço da capacidade da medicina intensiva”.

Os hospitais devem agora, mais do que nunca, ser usados “forma eficiente, reservando as respostas hospitalares para “casos que efectivamente precisam”. “Há um significativo conjunto de doentes que não precisam de internamento” e essa escolha é agora fundamental, disse.

“É um ponto crítico da utilização do SNS a circunstância de internamentos inapropriados, por constrangimentos no encaminhamento de utentes quer para rede de cuidados continuados integrados, quer para lares ou domicílios”, disse a ministra, pedindo um “esforço ao reforço de articulação de toda a nossa estrutura social”.

A esse propósito, Marta Temido recordou que “a admissão de novos utentes em redes de cuidados continuados e lares implica um teste laboratorial” e uma “avaliação clínica pelos profissionais” e que, independentemente do resultado do teste, é preciso que o novo utente seja colocado em quarentena por, pelo menos, 14 dias.

É com a acção destas instituições e da população que Marta Temido diz contar neste momento em que a pressão sobre os cuidados intensivos cresce. “Caso o utente não tenha necessidade apelamos a que possa regressar à instituição”, apelou, reiterando que os utentes com covid-19 que fiquem nestas estruturas devem estar isolados, mas com “garantia de acompanhamento clínico”.

A ministra pediu ainda uma “especial atenção” na resposta de saúde às pessoas “mais vulneráveis”: as que têm mais de 70 anos, outras doenças associadas e também as mais pobres. 

“A nossa sociedade nem sempre tem estado suficientemente atenta às suas necessidades, os nosso serviços de urgência e as nossas enfermarias não são hoje, como nunca foram, o sítio melhor para os proteger e precisamos do esforço de todos para encontrar as melhores respostas sociais para cada caso. Cada um deles podia ser a nossa mãe, pai, avô ou avó”, disse Marta Temido.

Das 29 mortes registadas no boletim deste domingo (um aumento de 10,9%), 26 foram em doentes com 70 ou mais anos, as idades em que estão 87% das vítimas mortais. Os outros três óbitos deste domingo foram pessoas que tinham entre 60 e 69 anos, para um total de 27 nesta faixa etária. Mantêm-se as oito mortes de pessoas com idades entre os 50 e 59 anos e de três pessoas entre os 40 e os 49 anos.

A região Norte continua a ser a que concentra o maior número de casos, com 6530 pessoas infectadas e 158 óbitos, mais 17 que no sábado. Lisboa mantém-se o concelho com maior número de casos (681), seguido de Porto (660), Gaia (499), Gondomar (478) e Maia (422).

O número de infectados por concelho pode ser superior ao que está registado no boletim, uma vez que os números são os do SINAVE - Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que correspondem a 78% dos casos confirmados.

Testes, ventiladores e um velho conselho

A capacidade de realização de testes de covid-19, entre sectores público e privado, tornou-se “confortável”, após a entrega de zaragatoas e reagentes deste sábado, e será “estabilizada” à medida que as entregas aconteçam, garantiu a ministra Marta Temido.

Questionada sobre laboratórios privados que estão, neste momento, a fazer marcações para depois da Páscoa, a ministra da Saúde admitiu ter conhecimento e estar a articular-se com essas unidades no sentido de “poder melhorar aquilo que é o cumprimento das respostas rápidas e de referência”.

“Não escondemos que há dificuldades, não escondemos que o prazo de marcação e um teste para uma data de meados de Abril não é desejável, nem aceitável”, admitiu, apontando a próxima semana como data para que a situação seja normalizada.

Durante esta semana, deverão ser entregues 508 ventiladores em Portugal, tendo já chegado 144 este domingo, provenientes de Pequim, afirmou o vice-presidente do Conselho Directivo da Administração Central do Sistema de Saúde, Diogo Serras Lopes. A ministra fez as contas e congratulou-se: o número de ventiladores em Portugal “mais do que duplicou desde o início de Março”.

Questionada sobre o uso de equipamento de protecção individual, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, referiu que “nunca é demais repetir que o uso indevido de material de protecção pode ser contraproducente e dar uma falta sensação de segurança.”

A utilização de luvas, exemplificou, dá apenas uma “falsa sensação de segurança” e pode até “acumular vírus de diversas origens”. A ordem continua, pois, a ser a mesma: “Lavar as mãos, lavar as mãos.”

Boas e más notícias

Entre os sectores público e privados, há, até à data, 1332 profissionais de saúde infectados com o novo coronavírus: 231 médicos, 339 enfermeiros e 772 de outras áreas que trabalham dentro dos hospitais. O Ministério da Saúde está a trabalhar a informação em detalhe para perceber quais as fragilidades da segurança no trabalho, tentando identificar “eventuais fragilidades do sistema”. Um subsídio de risco para profissionais de saúde não está, para já, em cima da mesa.

Para a directora-geral de Saúde, Graça Freitas, ficou reservada a possibilidade de dar uma boa notícia quanto ao internamento em cuidados intensivos de crianças. “Estão a ser atenciosamente acompanhadas todos os dias. As notícias são muito boas: as crianças que são internadas, mesmo as que entram com um quadro grave, têm tido uma capacidade enorme de recuperação e a maior parte está no domicílio e muitas foram dadas como curadas. Em idades pediátricas as situações têm evoluído muito bem”, afirmou.

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