Covid-19: Federação de feirantes vê “luz ao fundo do túnel” para vendedores itinerantes

Como nem todos os feirantes podem estar a vender “há mais espaços vazios”, logo “há distanciamento nas bancas” e “havendo o respeito social entre todos há capacidade” para se voltarem a realizar feiras com os bens alimentares

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Paulo Pimenta

O presidente da Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF) considerou nesta sexta-feira como “uma luz ao fundo do túnel” o facto de o Governo permitir que os vendedores itinerantes de bens essenciais possam continuar a operar.

No âmbito da renovação do estado de emergência devido à covid-19, o Governo determinou que os vendedores itinerantes vão poder continuar a operar nas localidades onde essa actividade seja necessária para garantir o acesso a bens essenciais pela população.

Em declarações à Lusa, Joaquim Santos reconheceu que “irá dar algum trabalho, mas para quem frequenta as feiras será uma mais-valia e é o iniciar de uma luz ao fundo do túnel para aqueles que querem servir a população”.

Joaquim Santos deu como exemplo a ser seguido a feira de Famalicão, que se realiza às quartas-feiras, e que tem mantido o funcionamento dos feirantes de bens alimentares, lembrando que foi “repensada a situação” para continuar operar.

“Acredito que há possibilidade para voltarem a ser feitas [as feiras]. Todos têm de repensar a situação, seguindo, por exemplo, o método que se usa em Famalicão, com o apoio dos municípios e o respeito cívico das pessoas”, sublinhou.

Para o responsável, como nem todos os feirantes podem estar a vender “há mais espaços vazios”, logo “há distanciamento nas bancas” e “havendo o respeito social entre todos há capacidade” para se voltarem a realizar feiras com os bens alimentares, sustentou.

De acordo com o presidente da FNAF, e segundo os últimos dados da Federação recolhidos com as autoridades sanitárias, existem 25 mil feirantes e vendedores ambulantes no país. No entanto, afirma que o número pode disparar para o dobro uma vez que há sempre uma segunda pessoa que apoia em complemento, quando não “famílias inteiras”.

“Tira-me o sono aqueles que foram para casa e que não podem seguir em frente. Isso é o que mais me preocupa e tira-me o sono, e saber que não temos capacidade e ferramentas para os conseguir ajudar. Por isso, deixo aqui o meu apelo aos governantes”, disse Joaquim Santos.

Também José Luís, dirigente da Associação dos Feirantes do Distrito de Lisboa, reconheceu à Lusa a importância deste sector voltar à actividade na rua, adiantando que alguns conseguiram adaptar-se e fazer a venda dos produtos publicitando através das redes sociais.

“Uns conseguem e assim vão escoando os produtos”, afirmou, lembrando que “70% dos feirantes vivem do dia-a-dia numa economia circular”.

O responsável deixou também um apelo ao Governo para que sejam criados “apoios aos sócios gerentes que têm firmas e que não estão a ser contemplados nas medidas vindas a público até agora”.

Segundo o decreto da Presidência do Conselho de Ministros, datado de quinta-feira, a identificação das localidades onde a venda itinerante seja essencial para garantir o acesso a bens essenciais pela população “é definida por decisão do município, após parecer favorável da autoridade de saúde de nível local territorialmente competente, sendo obrigatoriamente publicada no respectivo sítio na Internet”.

Segundo o Governo, a autorização do exercício de actividade por vendedores itinerantes visa a “disponibilização de bens de primeira necessidade ou de outros bens considerados essenciais na presente conjuntura”, para a população que vive em localidades onde essa actividade é necessária para garantir o acesso a bens essenciais.

Em 20 de Março, a Federação Nacional das Associações de Feirantes (FNAF) já tinha pedido apoio financeiro ao Governo, depois de os comerciantes terem deixado de trabalhar e ficado sem qualquer fonte de rendimento, devido à pandemia de covid-19.

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