Covid-19: Presidente filipino autoriza polícia a disparar sobre quem provoque “distúrbios”

As Filipinas registaram 2311 casos do novo coronavírus, que matou 96 pessoas. Quase metade dos 110 milhões de habitantes do arquipélago está em casa.

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Duterte declarou que se abatesse quem causassem disturbíos em áreas isoladas. Amnistia Internacional já criticou epa/KING RODRIGUEZ

O Presidente filipino, Rodrigo Duterte, pediu às autoridades de segurança que disparem contra qualquer pessoa que cause “distúrbios” em áreas mantidas em isolamento devido à pandemia do covid-19. Mas o chefe da polícia, Archie Gamboa, disse esta quinta-feira que a polícia não vai fazê-lo.

“O Presidente provavelmente enfatizou demais a aplicação da lei durante este período de crise”, afirmou o chefe de polícia.

Horas antes das declarações de Duterte, na noite de quarta-feira, quase 20 pessoas das favelas de Manila foram detidas por organizarem uma manifestação contra o Governo, acusado de não fornecer ajuda alimentar aos mais pobres. Milhões de filipinos vivem em grande precariedade e encontram-se desempregados.

“Ordenei que a polícia, o exército e os responsáveis das vilas disparassem contra as pessoas se houver um problema ou uma luta que coloque as suas vidas em risco”, disse o Presidente.

“Em vez de causarem problemas, mando-vos para o túmulo”, declarou Duterte antes de explicar que, após duas semanas de confinamento, a epidemia continua a progredir.

As Filipinas registaram 2311 casos do novo coronavírus, que matou 96 pessoas, mas como o país começou a aumentar a realização de testes, espera-se que o número de pessoas infectadas aumente ainda mais. Quase metade dos 110 milhões de habitantes do arquipélago está em casa.

As declarações do chefe de Estado foram imediatamente criticadas por organizações de direitos humanos, que pediram ao Governo que suprisse as necessidades básicas da população em vez de proferir ameaças.

“É muito perturbador que o Presidente Duterte tenha ampliado sua política de atirar para matar (…), o uso de força descontrolada nunca deve ser visto como uma solução para responder a uma emergência como a pandemia de covid-19”, disse a Amnistia Internacional das Filipinas num comunicado.

As medidas de quarentena, que afectam principalmente os 12 milhões de habitantes da capital, Manila, levaram ao fecho da maioria das empresas e o encerramento de quase todas as actividades sociais, religiosas e comerciais.

O coronavírus, que criou a pandemia de covid-19, já infectou mais de 940 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 47 mil. Dos casos de infecção, cerca de 180.000 são considerados curados.

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