Covid-19: já morreram 884 pessoas em lares de idosos em França

Números dizem respeito só à região Leste do país, onde o novo coronavírus surgiu primeiro, e não estão incluídos no balanço nacional de mortalidade. São precisas máscaras urgentemente, reclama-se.

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Um paciente de covid-19 idoso em Estrasburgo ajudado por pessoal médico Reuters/CHRISTIAN HARTMANN

Desde o início da pandemia da covid-19, já morreram 884 idosos residentes em lares na região Leste de França. Estas mortes não estão incluídas no balanço oficial nacional de 4032 mortos, que inclui apenas os óbitos registados nos hospitais.

O director-geral da Saúde, Jérôme Salomon, que revela diariamente os dados da mortalidade, reconhece que as mortes em meio hospitalar “representam provavelmente uma pequena parte da mortalidade”, cita o Le Monde. Mas só agora os números dos lares de idosos começam a ser compilados.

Perto de um milhão de franceses reside nos cerca de sete mil lares de idosos existentes em toda a França, diz a Reuters. Espera-se que em breve existam números para esta faixa populacional e também relativos às pessoas que morreram em casa vítimas do novo coronavírus.

As notícias sobre infecções e mortes nos lares têm surgido frequentemente nos media. “Até 31 de Março, 411 lares de idosos tinham sido afectados pela covid-19, de um total de 620 existentes na região”, anunciou a Autoridade de Saúde do Grande Leste num comunicado citado pela Reuters, em que são reveladas as 572 mortes.

Esta foi a primeira região em França onde os casos de infecção pelo novo coronavírus sobrecarregaram os serviços de saúde. Daí, a infecção alastrou para ocidente e chegou a Paris – onde agora os hospitais tentam adicionar mais camas aos serviços de cuidados intensivos, para responder ao afluxo de doentes com covid-19 em estado crítico.

Tem havido apelos a que se realizem testes em massa nos lares, e também para o pessoal de apoio, pois muitas vezes são estes que levam o coronavírus para dentro destas instituições.

A reclamação de falta de máscaras e outro material de apoio tem sido unânime a todo os trabalhadores de saúde em França. Mas a associação do sector dos lares de idosos, em concreto, pediu ao Ministério da Saúde francês 500 mil máscaras em Março, avisando que pelo menos 100 mil pessoas poderiam morrer se a situação não fosse controlada. “Temos de limitar o impacto nas pessoas idosas, sabemos que são as mais frágeis. Precisamos de meios. De máscaras, para usar nos lares e nas casas das pessoas”, disse Romain Gizole, presidente da associação.

Os gerontologistas especialistas nos problemas da terceira idade aconselham o uso sistemático de máscara nos lares de idosos, diz o Le Monde, precavendo os estudos que mostram que há muitos casos de pessoas infectadas com o coronavírus mas que se mantêm sem sintomas. Uma associação representativa dos gerontologistas enviou uma carta ao ministro da Saúde francês, Olivier Veran, em que calculam que 500 mil sejam apenas a quantidade de máscaras necessária para um único dia para o conjunto dos lares de idosos, relata o diário. 

A exigência de máscaras conjugou-se com situação de penúria dos últimos anos, que levou as urgências de vários hospitais franceses à beira da ruptura.

Mas nos lares, por agora, a situação não parece mudar. Uma trabalhadora de um lar de idosos em Lyon, contactada pela Reuters, diz que continua a trabalhar sem máscara. E que os residentes continuam a fazer as refeições todos juntos – apesar de dois trabalhadores terem dado positivo no teste de despistagem do coronavírus e de quatro idosos terem adoecido, e estarem em isolamento.

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