Bandeira a meia-haste na Acrópole no funeral de Manolis Glezos

Glezos foi quem tirou a bandeira nazi da Acrópole de Atenas durante a ocupação da Grécia pelos nacional-socialistas. Morreu em Atenas aos 97 anos.

,Resistência Grega
Fotogaleria
Manolis Glezos era um herói nacional na Grécia ORESTIS PANAGIOTOU/EPA
Fotogaleria
Reuters/COSTAS BALTAS
acrópolis de Atenas
Fotogaleria
PANTELIS SAITAS/EPA

No dia do funeral de Manolis Glezos, que foi um ícone da resistência grega à ocupação nazi, as autoridades gregas puseram a bandeira da Acrópole a meia-haste.

Glezos morreu em Atenas aos 97 anos, na segunda-feira, com problemas cardíacos. O funeral de Glezos, herói nacional que recebeu tributos da direita à esquerda, foi levado a cabo com a Grécia em isolamento por causa do novo coronavírus.

Foi na Acrópole que Glezos teve a acção que o tornou famoso durante décadas, quando com um amigo decidiu ir retirar a bandeira com a suástica nazi da Acrópole.

Tinham 18 anos. Leram tudo o que encontraram em enciclopédias sobre a Acrópole, túneis e esconderijos, fizeram um ensaio na véspera, e com uma lanterna e uma faca, lançaram-se a caminho. Atenas estava, na altura, sujeita a recolher obrigatório.

Nem ele nem o amigo, Apostolis Santas, foram descobertos pelos nazis, que decretaram, no entanto, a pena de morte para quem quer que tivesse sido o autor da provocação aos ocupantes. 

A retirada da bandeira, em 1941, foi um momento simbólico, a primeira acção visível de resistência grega contra os nazis, que ocuparam a Grécia desde esse ano até 1944. 

Glezos chegou a ser preso três vezes pelas forças da ocupação. Mais tarde, lutou na guerra civil grega e na resistência à junta militar que esteve no poder até 1974. 

Passou um total de 12 anos na prisão, vivendo ainda quatro anos no exílio. Foi condenado à morte três vezes.

Manifestante aos 80, eurodeputado aos 91

Depois do fim da ditadura foi político, do partido de centro-esquerda PASOK e mais tarde do Syriza de Alexis Tsipras, chegando a ser deputado ao Parlamento Europeu em 2014, com 91 anos - o mais velho eurodeputado. Demitiu-se por discordar da linha do Syriza no Governo depois da eleição de Alexis Tsipras, em 2015.

Antes, durante os protestos contra as medidas da troika entre 2010 e 2015, o então octogenário enfrentou gás lacrimogéneo da polícia nas manifestações que se tornavam frequentemente violentas.

Questionado uma vez pela Reuters sobre a razão de continuar na política há tanto tempo, Glezos respondeu que eram as memórias dos camaradas mortos: “Antes de cada batalha, antes de cada protesto, dizíamos uns aos outros: ‘Se viveres, não me esqueças’. Estou a pagar a dívida áqueles que perdi durante esses dias difíceis.”

Sugerir correcção
Comentar