Covid-19: Câmara de Pinhel lamenta falta de “coragem” para aplicar quarentena a emigrantes

O presidente do município de Pinhel apelou também aos emigrantes e aos residentes em outros pontos do país que, na Páscoa, não se dirijam para as terras de origem e, fazendo-o, que “fiquem em casa”.

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Tiago Lopes

O presidente da Câmara Municipal de Pinhel lamentou nesta quarta-feira que o país não tenha tido a “coragem” de obrigar a uma quarentena os emigrantes e os cidadãos que chegam à região oriundos de outros pontos do país.

“Infelizmente, o país não teve a coragem e a determinação de tomar a medida de obrigatoriedade daqueles que vinham de fora para esta região, ou para o país. [As autoridades] não tiveram a coragem de o fazer, de obrigar as pessoas a ficar de quarentena, e o que está a acontecer no meu concelho, e no âmbito distrital, e também na zona de fronteira, é que todos os casos [de infectados com o coronavírus] são oriundos de pessoas que vieram do estrangeiro”, disse Rui Ventura à agência Lusa.

Para o presidente da autarquia de Pinhel, no distrito da Guarda, neste processo “houve uma falta de coragem da tomada de decisão” e o país está “agora a sofrer as consequências”.

Na semana passada, o autarca de Pinhel escreveu ao Presidente da República a pedir ajuda para que fossem efectuadas, “junto do senhor primeiro-ministro e da senhora ministra da Saúde, todas as diligências tidas como adequadas para que seja ordenada, com carácter de urgência, a quarentena obrigatória a todos os que regressem a um concelho, provenientes do estrangeiro ou de outros pontos do país”.

Hoje, disse à Lusa que o apelo de nada valeu, uma vez que recebeu um telefonema de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o assunto e não lhe anunciou “decisão nenhuma, apenas o conforto, como sempre”. O autarca lamenta que o país não resolva um “problema grave” que tem pela frente.

“Estamos a caminhar para o abismo, estamos a ver o abismo, e não tomamos decisões, andamos envolvidos em burocracias. Esta é uma semana muito importante, ainda, para tomar esta decisão da obrigatoriedade. Não se toma. E, portanto, eu diria mesmo que é o segundo episódio de abandono do interior”, rematou.

O presidente do município de Pinhel apelou também aos emigrantes e aos residentes em outros pontos do país que, na Páscoa, não se dirijam para as terras de origem e, fazendo-o, que “fiquem em casa”.

“Se gostam da vossa terra, se gostam do vosso país, se gostam dos vossos pais, dos vossos familiares e amigos, não venham. Mas, se vierem, por favor, fiquem em casa. Porque, de facto, ficar em casa é a única forma que nós, hoje, conhecemos de controlar a propagação deste vírus”, solicitou.

Segundo o autarca, a semana da Páscoa é “muito complicada”, porque as pessoas “vão insistir” em se deslocar para as terras de onde são naturais. No entanto, Rui Ventura diz que podem fazê-lo, desde que sejam “responsáveis”, respeitem “os que cá estão, respeitarem-se a eles próprios e permanecerem em casa”.

A Câmara Municipal de Pinhel tem estado a percorrer as aldeias com desdobráveis e a fazer a sensibilização de todas as pessoas que chegaram de fora do território para que “fiquem em casa”.

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