UEFA suspende provas europeias e dá prioridade aos campeonatos

Decisão saiu de uma reunião do organismo que gere o futebol europeu com as 55 federações nacionais. Há três cenários em cima da mesa para concluir as Ligas domésticas, que podem estender-se até Agosto.

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Reuters/PAUL CHILDS

A UEFA decidiu suspender, “até novas indicações”, a realização dos jogos referentes à Liga dos Campeões e à Liga Europa na presente temporada, devido à paragem provocada pela pandemia de covid-19. A tomada de posição surgiu nesta quarta-feira depois de uma reunião com os representantes das 55 federações que compõem o organismo e na qual ficou bem claro que vai ser dada prioridade às provas nacionais.

A intenção é alargar ao máximo o período relativo à época 2019-20, por forma a acomodar no calendário as jornadas em falta e, assim, concluir os campeonatos que foram interrompidos por toda a Europa. Por razões do foro financeiro e competitivo, esta é a principal preocupação do organismo presidido por Aleksander Ceferin, que já tinha sugerido, no passado fim-de-semana, que as Ligas nacionais poderiam estender-se até Julho.

Na verdade, esse foi apenas um dos cenários discutidos. O primeiro prevê que os clubes, à medida que cada país for recuperando da pandemia, retomem os treinos em Maio e possa regressar-se à competição ainda no final desse mês. Ainda que de forma mitigada, é certo, com jogos à porta fechada, pelo menos nos primeiros tempos.

A outra hipótese abordada é um regresso aos relvados no dia 6 ou 7 de Junho, segundo o jornal El País, o que implicaria prolongar os jogos até final de Julho (entrando, assim, pelo início da época seguinte). Neste caso, poderiam disputar-se alternadamente as provas europeias e as nacionais, sendo que as finais da UEFA seriam atiradas para o início de Agosto.

Goradas estas duas possibilidades, a UEFA repensará os calendários. No limite — e esta é, para já, uma hipótese meramente académica —, se a actual temporada invadir o espaço da próxima, ocupando o mês de Agosto, será considerada a eventual redução do número de equipas em 2020-21 para poder reajustar-se excepcionalmente o calendário e evitar nova sobreposição no próximo ano. Mas este é um cenário mais longínquo e que levantará mais resistência. 

Neste contexto de indecisão, e com as finais das competições europeias agendadas para Maio, torna-se inevitável o adiamento dos compromissos internacionais. Tendo em conta que, para já, não é possível fazer previsões temporais, a UEFA decidiu suspender a Champions e a Liga Europa, tendo como principal preocupação a conclusão dos campeonatos e taças domésticas. O eventual cancelamento ou suspensão das provas a eliminar, em cada país (Taça de Portugal, no caso nacional), chegou a ser abordado, mas acabou por ser posto de parte.

Com o reordenamento dos calendários a ocupar grande parte da sessão, também a FIFPro (sindicato internacional dos futebolistas) interveio para manifestar preocupação não só quanto à necessidade de ajustar os contratos (algo já admitido pela FIFA e corroborado pela UEFA), mas também quando à mais do que provável “invasão” competitiva da pausa de Natal. O organismo mostrou-se preocupado com os jogadores de outros continentes que não aquele no qual trabalham, e que normalmente viajam para casa nesse período, não tendo sido alcançado acordo quanto ao tema.

No mesmo encontro desta quarta-feira, realizado por videoconferência, foi decidido adiar os jogos de selecções previstos para o mês de Junho, incluindo o play-off do Euro 2020. Nestes compromissos das equipas nacionais incluíam-se também jogos particulares, entre os quais os de Portugal com a Eslovénia (31 de Maio), Espanha (5 de Junho) e Malta (9 de Junho). Já os Campeonatos da Europa de sub21 e feminino foram adiados por um ano, passando de 2021 para 2022.

O comité executivo da UEFA optou, também, por alargar o prazo de licenciamento para os clubes na próxima temporada, ao mesmo tempo que suspendeu a obrigatoriedade de apresentarem informação financeira adicional neste período.

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