A quarentena é um privilégio burguês

É muito possível que no meio das nossas excelentes intenções humanitárias estejamos a destruir a vida à parte mais vulnerável da população, para a qual ficar em casa é um luxo a que não se pode dar.

Pergunto: quantas pessoas que estão a ler este texto vão ter a sua conta bancária reduzida a zeros no final de Abril? Não me refiro a uma conta mais vazia do que é hábito ou na dificuldade de manter o estilo de vida. Refiro-me a um saldo negativo e à ausência de poupanças ou de familiares a quem recorrer. Quantas pessoas que lêem estas palavras estarão tão depauperadas que lhes faltará dinheiro para pagar a conta do supermercado? A minha resposta, sendo intuitiva, parece-me óbvia: não serão muitas. As pessoas mais profundamente necessitadas não vêm aqui. Não lêem o PÚBLICO. Não frequentam diariamente as redes sociais. Não pertencem à classe média, onde são fabricados os consensos, se decidem as eleições e se constrói a chamada “opinião pública”.

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