Pedro Proença admite layoff e jogos de futebol à porta fechada em Portugal

O presidente da Liga de Clubes admite que continua “dependente das instâncias governamentais”, mas espera que o futebol regresse “rapidamente à normalidade”.

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Pedro Proença (à direita na foto) LUSA/MANUEL ARAÚJO

Pedro Proença, presidente da Liga de Clubes, afirmou nesta terça-feira que confia que as competições de futebol possam voltar “rapidamente à normalidade” em Portugal, admitindo que os clubes profissionais podem recorrer ao layoff de forma a combaterem os efeitos económicos provocados pela pandemia da covid-19. Acreditando “que vai ser possível jogar esta temporada”, o dirigente adverte que “jogar à porta fechada é uma possibilidade”.

Em entrevista à rádio TSF, Proença admitiu que o futebol continua “dependente das instâncias governamentais” e das “próprias entidades internacionais”, que estão a dar “linhas importantes” de orientação: “Na reunião desta quarta-feira na UEFA temos a expectativa de receber instruções sobre o futuro das provas internacionais. Mas os clubes estão com o espírito de que as competições devem recomeçar o mais depressa possível. Temos três meses para esta retoma com a época a terminar a 30 de Junho e estamos a trabalhar diariamente para, assim que pudermos, regressarmos de forma imediata.”

Reforçando a ideia de que “é fundamental que as ligas nacionais terminem as épocas desportivas”, uma vez que isso “permitirá terminar esta época com a normalidade possível e preparar a próxima com tudo o que isso envolve”, o presidente da Liga de Clubes mostrou confiança de que haverá “campeão e equipas a subir e a descer”, uma vez que “sem Europeu [adiado para 2021]” haverá “um alargamento de espaço disponível, mais 45 dias”, que “vai permitir um calendário diferente”.

Todos terão de fazer sacrifícios

Sobre os problemas financeiros que a paragem pode provocar nos clubes, Proença disse que o impacto provocado pela pandemia dependerá “do tempo que vai demorar a retoma da actividade”, mas, sabendo que todos terão “de fazer sacrifícios”, advertiu que o futebol vai “ter de se regenerar e reinventar”, não descartando a implementação do layoff no futebol português: “Há instrumentos que o Governo coloca à disposição das empresas e o futebol também terá de colocar em cima da mesa todas as possibilidades.”

“Temos conseguido garantir o normal estabelecimento da cadeia de valor e do que são os prazos e as obrigações que temos de cumprir perante entidades terceiras, mas temos a noção de que, se o tempo esticar e não voltarmos com alguma rapidez à normalidade, há instrumentos que o futebol terá de utilizar. Esperemos que não seja necessário, mas, se as receitas diminuírem, os clubes poderão ter de utilizar esses instrumentos [layoff].”

Quanto a possíveis cortes nos salários dos jogadores, medida que já foi tomada por alguns clubes europeus, como a Juventus ou o Barcelona, Pedro Proença assegurou que o organismo que preside está “a criar condições para evitar” que surjam “processos de ruptura”, esperando “encontrar soluções até chegar a esse patamar.”

Considerando que se está “a atravessar uma decisão histórica por razões negativas”, uma vez que pela “primeira vez foi preciso suspender a actividade por tempo indeterminado”, Proença elogiou o futebol, que teve “a capacidade de perceber o momento de crise”. “Também estamos a cumprir a obrigação de estar em casa, que é uma obrigação moral para o quanto antes podermos restabelecer normalidade à actividade económica e desportiva. Estamos todos na expectativa de passar esta fase negra, que vai ter consequências para tudo e todos. Sabemos que estamos dependentes de instâncias governamentais, da Direcção-Geral da Saúde.” 

A concluir, o presidente da Liga recordou as palavras do primeiro-ministro, António Costa, que afirmou, em entrevista à SIC, que o futebol não era uma prioridade, dizendo que a modalidade “tem de ser tratada com o mesmo respeito por qualquer outra indústria”.

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