Orquestra do Norte com salários em atraso desde Janeiro

Em causa estão os vencimentos dos 38 funcionários desta formação, que apelaram esta terça-feira à ministra da Cultura.

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A Orquestra do Norte depende em grande parte de financiamento municipal DR

Os 38 funcionários da Orquestra do Norte, com sede em Amarante, têm em atraso os salários de Janeiro, Fevereiro e Março, denunciou esta terça-feira a comissão de trabalhadores. “Já com a corda na garganta, tivemos que dar o nosso grito de revolta”, lê-se num comunicado enviado à agência Lusa em que pedem à ministra da Cultura, Graça Fonseca, que “não deixe acabar uma instituição que é a menina dos olhos de uma região”.

“Não mande para o desemprego 38 pessoas (34 instrumentistas e quatro funcionários), que apenas fazem o seu trabalho e não têm qualquer responsabilidade na parte financeira”, dizem ainda, assinalando ter “chegado a hora de passar a pente fino o que as contas reflectem e [de]responsabilizar aqueles que não as reconhecem.”

A comissão de trabalhadores assinala que a missão da orquestra foi muito afectada pela chegada da epidemia provocada pelo novo coronavírus, que levou à “anulação de concertos, sabe-se lá até quando”. Contudo, sublinha, aquele problema “não é o pai de todos os males”. “Esses já vêm de trás e até ao momento ainda não foi encontrada a poção mágica para o problema”, lamentam os trabalhadores.

Num esclarecimento enviado posteriormente à Lusa, a direcção executiva da Associação Norte Cultural, entidade gestora da Orquestra do Norte, admite a existência de salários em atraso dos meses de Janeiro e Fevereiro, estando o mês de Março ainda a terminar. “Na próxima semana haverá condições para pagamento dos salários de Janeiro e Fevereiro, após a transferência de parte do financiamento contratualizado e respeitante ao primeiro trimestre de 2020”, adianta, explicando que este desenvolvimento resulta da “profícua relação com a Direcção-Geral das Artes/Ministério da Cultura”.

Nos últimos meses, acrescenta a direcção, têm sido tomadas decisões para resolver as dificuldades de financiamento da orquestra, fixando-se, nomeadamente, um valor mínimo de contribuição dos associados, na sua maioria municípios. O objectivo é garantir um “maior comprometimento por parte dos municípios da região Norte, aproximando o seu financiamento aos 40% previstos na Carta de Missão das Orquestras Regionais”.

A Associação Norte Cultural foi constituída em 1992, tendo como membros fundadores as câmaras municipais de Alijó, Bragança, Vila Real, Guimarães, Vieira do Minho, Póvoa de Lanhoso, Montalegre, Terras de Bouro, Torre de Moncorvo, Caminha, Chaves e Fafe.

A Fundação Casa de Mateus, a Fundação Cupertino de Miranda e alguns cidadãos também integraram o elenco de fundadores da associação.

No final de Janeiro, a associação defendeu que o apoio financeiro do Estado, face às debilidades de tesouraria, devia ser reforçado com “carácter de urgência”. José Bastos, director executivo da Associação Norte Cultural, assumiu então que a instituição passava por “alguns constrangimentos na sua operação”, com “transtornos vários”.

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