Hotspot de covid-19 na Alemanha vai servir de “laboratório” da pandemia

Cientistas vão estudar todos os aspectos do quotidiano das pessoas para saber mais sobre a transmissão do novo coronavírus.

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Já há mais de 67 mil casos de covid-19 na Alemanha Dado Ruvic/Reuters

O distrito alemão de Heinsberg tem cerca de 250 mil habitantes e regista quase 1300 casos positivos de covid-19, sendo que mais de 500 pessoas já recuperaram. Este é um hotspot de transmissão do novo coronavírus na Alemanha. Por isso, usando este distrito, cientistas alemães vão estudar como o vírus se propaga e como pode ser travado, revela o jornal britânico The Guardian. Heinsberg torna-se assim um “laboratório” da pandemia. Espera-se que os primeiros resultados deste estudo sejam divulgados na próxima semana.

Nas próximas semanas, uma equipa de virologistas e de 40 estudantes de medicina vão estudar os casos de covid-19 e a sua transmissão em Heinsberg. Esperam seguir cerca de 1000 pessoas, que serão representativas da população alemã. Para estudar a dispersão do vírus, irão a cerca de 500 residências, jardins-de-infância e hospitais. Querem que todos os aspectos do quotidiano da vida das pessoas estejam envolvidos neste estudo, desde a forma como as crianças passam o vírus aos adultos até como ocorre a transmissão entre familiares.

Embora se espere que os primeiros resultados sejam anunciados na próxima semana, os cientistas avisam que a análise dos dados levará o seu tempo e pode durar meses e até anos. Um dos motivos apontados para a escolha de Heinsberg é o de que o avanço do vírus neste distrito parece estar entre duas a duas semanas e meia à frente do do resto do país. 

“Os resultados serão usados para criar um plano de como a Alemanha pode lidar com o vírus nos próximos anos”, afirmou ao The Guardian Hendrik Streeck, virologista da Universidade de Bona, na Alemanha. A equipa acrescenta que os resultados também poderão ter implicações noutros países. “Com base nos nossos resultados, podemos ser capazes de fazer recomendações que os políticos podem usar para guiar as suas tomadas de decisão”, refere ainda Hendrik Streeck.

Outros pontos críticos da crise de pandemia de covid-19 são a cidade chinesa de Wuhan (o epicentro inicial da epidemia na China) ou a cidade de Bergamo, em Itália, mas Hendrik Streeck refere que não sabe se já estão a ser feitos estudos deste género nesses locais. Mas há já equipas de cientistas a estudar outros tipos de hotspots do coronavírus, como o navio de cruzeiro Diamond Princess, que teve mais de 700 passageiros e tripulantes infectados.

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