Modernização da linha do Oeste arranca mas só até Torres Vedras

A Infraestruturas de Portugal adjudicou a um consórcio luso-espanhol a modernização do troço entre Meleças e Torres Vedras por 61,5 milhões de euros. Obras poderão arrancar no Verão com o projecto a somar três anos de atraso.

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Sergio Azenha (colaborador)

O consórcio formado pela Construções Gabriel A. S. Couto, M. Couto Alves e Aldesa Construcciones ganhou o concurso público para a modernização do primeiro troço da linha do Oeste, entre Meleças e Torres Vedras.

A obra incide sobre 43 quilómetros de via férrea que deverá ser requalificada e electrificada. O investimento - que será financiado em 85% por fundos comunitários -  prevê também a construção de dois desvios activos para permitir cruzamentos e aumentar a fluidez do tráfego ferroviário: um entre Meleças e Pedra Furada (numa extensão de dez quilómetros) e outro entre Malveira e o túnel da Sapataria (numa extensão de seis quilómetros). Deste modo a linha entre Lisboa e Torres Vedras ficará duplicada em 58% do seu percurso.

O projecto também contempla a construção de nove passagens desniveladas que substituirão outras que serão encerrados, por forma a aumentar a segurança.

Segundo fonte oficial da IP, não está ainda prevista a data da consignação da empreitada a qual, em situações normais e tendo em conta que o projecto está numa fase imaterial e não obriga a contactos físicos, poderá ocorrer em Julho. Mas a calendarização das obras está dificultada pela conjuntura provocada pela pandemia do coronavírus.

A modernização da linha do Oeste insere-se no âmbito do Ferrovia 2020, o qual previa a fase de contratação da construção para o terceiro trimestre de 2017 e a conclusão das obras para o segundo semestre de 2020.

Este projecto é “herdado” do PETI, o Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas do governo Passos Coelho, e contemplava então a modernização integral da linha do Oeste entre Meleças e Figueira da Foz/Alfarelos. O Ferrovia 2020 reduziu-o ao troço Meleças – Caldas da Rainha tendo a Infraestruturas de Portugal optado depois por dividi-lo em dois subtroços: entre Meleças e Torres Vedras e entre esta cidade e Caldas da Rainha.

Em Julho de 2019 o secretário de Estado dos Transportes, Jorge Delgado, anunciou nas Caldas da Rainha que o concurso para o segundo subtroço seria lançado até Outubro, o que não veio a acontecer. Em Janeiro, fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e Habitação, disse ao PÚBLICO que o concurso seria lançado até finais de Janeiro, o que também não se verificou.

A IP, contudo, sempre reiterou que o troço Torres Vedras – Caldas da Rainha seria concluído na mesma altura que o Meleças – Torres Vedras, apesar de adjudicado mais tarde.

Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, em entrevista ao Jornal Económico no passado sábado, referiu que este segundo troço constitui uma empreitada relativamente simples e que tem um valor de cerca de 40 milhões de euros.

O administrador disse que a sua empresa se posiciona para ser a salvaguarda para o sector da construção e da engenharia, estando na linha da frente para relançar a economia nacional.

Presentemente, a IP mantém todas as obras em curso no âmbito do Ferrovia 2020, embora a um ritmo mais lento devido aos condicionalismos impostos pelos planos de contingência das empresas. Se, como se prevê, a pandemia alastrar, é provável que algumas empreitadas venham a parar.

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