Apelo aos investigadores portugueses: “Usem-nos!”

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Vista aérea do Diamond, o sincrotrão do Reino Unido Diamond Light Source 2020

O Diamond Light Source é um sincrotrão, um grande instrumento científico localizado no Reino Unido, onde se podem realizar trabalhos de investigação únicos, graças ao seu poderoso feixe de raios-X. Lá trabalham cientistas e técnicos, que desenvolvem, mantêm e utilizam este instrumento. Para além disso, o Diamond recebe vistas regulares de investigadores externos, que lá vão realizar as suas experiências. Mas o microscópio gigante parou tudo o que estava a fazer para se dedicar em exclusivo à investigação em covid-19. E David Aragão, cientista português que trabalha no Diamond, faz um apelo aos investigadores portugueses: “Nesta altura, e como estamos fechados para qualquer investigação que não seja em covid-19, apelo aos investigadores portugueses desta área: usem-nos! Concorram para usar o Diamond, se tiveram trabalho em que o nosso centro possa ajudar.”

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O investigadir David Aragão DR

O Diamond tem cerca de 14.000 utilizadores académicos e industriais. Cerca de 110 são de universidades portuguesas. Mas recebe certamente mais utilizadores portugueses, se contarmos com os que trabalham em universidades no Reino Unido e noutros países. Do total de 9000 publicações científicas feitas no Diamond até hoje, cerca de 45% são na área das ciências da vida.

Dispõe de um laboratório de proteínas de membrana (proteínas localizadas na membrana da célula, que separa o interior do exterior), um laser de electrões livres, um centro de microscopia electrónica criogénica e as linhas de raios-X. São técnicas que permitem obter imagens, nalguns casos muito detalhadas, do mundo do muito pequeno, onde se escondem muitos segredos da vida. Estes recursos permitem ao Diamond ter um grande impacto nestas áreas. O investigador dá um exemplo: “Mesmo antes de o sincrotrão fechar para uma das suas manutenções regulares, tivemos de atrasar o desligamento da máquina durante várias horas, para deixar um grupo de investigação externo recolher dados. Este grupo resolveu a estrutura de um complexo entre a proteína da espícula — que dá o nome aos coronavírus — e um anticorpo, obtido de um doente recuperado da doença com outro coronavírus, o SARS-CoV.” Era o coronavírus que esteve na origem da SARS, em 2002-2003.

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