Cartas ao director

O meu bairro

É um bairro cheio de gente, na freguesia de arroios. Na traseira da casa há um jovem argentino que toca Piazolla, uma família indiana com avós e netos, há brasileiros, nórdicos e também portugueses. Gosto do meu bairro. Como é de prever, há sempre movimento, mas agora não devia haver. No entanto há, como há muitas lojas de produtos não essenciais abertas e a farmácia não tem um perímetro à frente, no passeio, para que se possa manter a distância de segurança. Não há uma pessoa a dar formação, como é suposto haver.

Nídia Garrido, Lisboa

Pandemia

Com a suspensão das actividades económicas e sociais resultantes da covid-19, o volume de emissões de CO2 sofreu uma das maiores reduções de sempre. Além disso, cidades que se encontravam a braços com os enormes problemas dos excessos turísticos verificaram uma melhoria ambiental notável, com destaque para Veneza, que pela primeira vez, em várias décadas, conseguiu limpar os seus canais. Infelizmente, é preciso que surjam desastres e pandemias para que a nossa sociedade tenha noção do quanto o ser humano agride o meio ambiente. Como é óbvio, a actual situação, do ponto de vista económico é insustentável, a longo prazo. No entanto, que constitua um exemplo, para alterar o nosso modelo económico e de desenvolvimento.

João António do Poço Ramos, Póvoa de Varzim

Contas da Vaidade

Muito se tem falado num excedente orçamental, relativamente às contas de 2019, situação que só se explica pelo facto de existirem cativações, não sendo aceitáveis as mesmas, uma vez que existem dívidas do Estado para com entidades fornecedoras de bens e serviços ao país, o que deixa transparecer a sensação de que são mais importantes as cativações do que a prioridade de um país que cumpre as suas obrigações.

Não se compreende o porquê da promulgação de um Orçamento do Estado, que tendo sido aprovado em Fevereiro, não teve uma maior dotação orçamental para a saúde como estratégia de prevenção, tendo em conta o conhecimento antecipado da existência do coronavírus, cujas consequências são imprevisíveis, mas no caso de Portugal poderiam ser minimizadas se estivéssemos atentos, em lugar de nos envaidecermos com o excedente orçamental.

Se os cidadãos têm deveres para com o Estado e são penalizados se não cumprirem os mesmos, o Estado por sua vez também tem deveres para com os cidadãos, mas os governantes eleitos parece esquecerem-se dos mesmos, pelo que se face ao tão falado excedente orçamental se o governo tivesse honrado os seus compromissos, liquidando as suas dívidas, principalmente no sector da saúde, talvez estivesse mais bem preparado para fazer face à covid-19, e teríamos então razões para acreditar que os governantes se preocupam com os cidadãos, em lugar de se envaidecerem com as contas do Estado.

Américo Lourenço, Sines

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