Coronavírus: Portugal tem 76 mortes e mais de 4200 pessoas infectadas. Porto passou a ser o concelho com mais casos

Concelho do Porto tem 317 casos confirmados. Ao contrário das previsões iniciais, Graça Freitas adia pico do surto para o mês de Maio, avançando que período não será um “momento instantâneo”, mas sim um efeito “planalto”.

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Desinfecção das ruas de Lisboa motivada pela pandemia de covid-19 Nuno Ferreira Santos

Até esta sexta-feira foram registadas 76 mortes em pacientes com covid-19 (mais 16 do que na quinta-feira) e 4268 casos confirmados de infecção em Portugal – um aumento de 20,4% no número de casos face aos dados do dia anterior. Portugal tem uma taxa de letalidade de 1,8% e 89% dos casos estão a ser tratados em casa. Estas informações estão presentes no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS), que actualiza os dados diariamente.

O Porto passou a ser o concelho com mais casos confirmados: são 317 de um total de 2443 na região norte; o concelho de Lisboa tem 284 casos de infecção. A seguir a Lisboa, Vila Nova de Gaia, com 262 casos, é o terceiro concelho mais afectado do país, seguido de Maia (171) e Gondomar (149).

Dos 4268 infectados com a covid-19 em Portugal, 798 (19% do total) são pessoas com 70 ou mais anos. A faixa etária entre os 40 e os 49 anos é a que regista mais casos, com 821 infecções. Nas faixas etárias mais jovens, há um total de 153 pessoas com menos de 20 anos infectadas: deste número, 49 são crianças até aos nove anos. 

Existem também 354 pessoas hospitalizadas e 71 pacientes internados nos cuidados intensivos. O número de pessoas recuperadas, 43, não sofreu alteração face ao último boletim. Na quinta-feira, tinham sido confirmadas 60 mortes e 3554 infectados em Portugal.

No que diz respeito às vítimas mortais, 80% tinha mais de 70 anos. Com idades compreendidas entre os 50 e 59 anos, registam-se quatro mortes desde o início da pandemia, com a morte de uma mulher entre os 40 e os 49 anos. Não há qualquer óbito entre pessoas com menos de 40 anos. 

Desde o início do ano, registaram-se mais de 25 mil casos suspeitos (25.431), sendo que 3995 pessoas estão a aguardar neste momento resultados laboratoriais. As autoridades de saúde estão a vigiar cerca de 20 mil pessoas (19.816). 

De quinta para sexta-feira, o número de casos na região norte subiu 31,5%. O aumento de casos de infecção na região de Lisboa e Vale do Tejo foi de 2,6%; no Centro foi de 19,5%; no Algarve de 11,2% e no Alentejo subiu 50% – de 20 para 30 casos. O número de casos nos Açores manteve-se inalterado e, na Madeira, o número de casos subiu 40% (de 15 para 21). Registou-se também um aumento de 20,4% nos internamentos 

Pico “nunca antes do mês de Maio”, diz Graça Freitas

Durante a conferência de imprensa de exposição dos dados desta sexta-feira, Graça Freitas afirmou que neste momento, Portugal regista uma taxa de letalidade de 1,8% para todas as idades – um número inferior a outros países onde a taxa de letalidade já ultrapassou os 2%.

“É a história natural destes doentes”, afirma a directora-geral de Saúde. “Foram tratados com as melhores práticas, mas alguns não conseguiram sobreviver.”

Questionada quanto à evolução da curva de doentes, Graça Freitas afirma que “há tendência para retardamos um bocadinho a velocidade com que a curva esta a subir” e que, à medida que isso acontece, “o pico difere no tempo para mais adiante”. Apesar de antes as previsões apontarem para que o pico aconteça no mês de Abril, Graça Freitas dá agora o mês de Maio como crucial: “Com a evolução da nossa curva, o pico será diferido para mais tarde, nunca antes do mês de Maio.”

No entanto, salvaguarda, “nunca será um momento instantâneo no tempo” – isto é, não será tanto um pico, mas um “planalto”. “Quando chegarmos ao máximo dos casos da curva levaremos aí alguns dias, se calhar até semanas.”

Quanto aos lares de idosos, Graça Freitas defende que devem ser criadas condições para a separação dos doentes e para o seu autocuidado: “Tem de se criar estruturas comunitárias dentro do próprio lar onde estas pessoas possam ficar sob vigilância, mas não necessariamente internadas”, diz. “Os doentes só irão para o hospital quando não se encontrar outra solução.”

Sobre a demora dos resultados aos testes feitos aos utentes de vários lares em Portugal, o secretário de Estado da Saúde explica que os testes PCR demoram entre cinco a seis horas até darem resultados, e que, como neste caso foram feitos em série, pode haver uma demora. “Ontem foram testadas cerca de 2500 pessoas numa capacidade de testagem de cerca de 5600”, ilustra.

4,6 milhões de máscaras e equipamentos de protecção

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, revelou na mesma conferência que “chegaram hoje [sexta-feira] 4,6 milhões de máscaras cirúrgicas e outros equipamentos de protecção que chegarão rapidamente aos nossos profissionais de saúde”.

António Lacerda Sales notou ainda que “mais de 4500 médicos responderam ao apelo da Ordem dos Médicos para reforçar o Serviço Nacional de Saúde durante a pandemia de covid-19”. “Naturalmente que a reorganização dos serviços contará também com este apoio, permitindo um melhor equilíbrio entre os períodos de trabalho e o descanso”, acrescentou o secretário de Estado da Saúde, agradecendo aos profissionais de saúde que “se têm mobilizado para esta luta, muitos vindos do conforto das suas reformas”.

O secretário de Estado reforçou a importância de continuar “a haver respostas sociais”. “Para que isso aconteça sem o aumento dos casos de infecção, estamos a tomar medidas para que seja possível a testagem de vítimas de violência antes da entrada em abrigos”, garantiu. Com Claudia Carvalho Silva

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