Outros países europeus queixam-se dos seus governos na crise do coronavírus? Queixam-se e muito

Nenhum Estado da UE estava preparado para lidar com a pandemia e muitas têm sido as críticas dos cidadãos: lamentam a resposta tímida ou irresponsável, a recusa de realizarem testes em massa e a falta de equipamento médico.

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Uma das principais críticas dos europeus tem sido a falta de material médico para os profissionais de saúde e quem trabalha em sectores essenciais da economia Brais Lorenzo/LUSA

A grande maioria dos 500 milhões de habitantes da Europa está em isolamento social obrigatório, acompanhando com ansiedade a subida constante do número de casos e as reacções dos seus governos pela rádio, televisão ou Internet. A crise pandémica está a testar as democracias europeias e nenhum executivo estava preparado. E muitas têm sido as críticas dos europeus à gestão da crise pelos seus governos. 

  • Falta de preparação. O primeiro caso de coronavírus foi detectado na China em Dezembro. Muitos cidadãos europeus questionam porque é que os seus governos não se prepararam, com meses de antecedência, para a propagação da covid-19. Por exemplo, 73% dos franceses dizem, de acordo com uma sondagem da empresa Elabe, que o Governo francês não estava preparado para a crise e que demorou muito tempo a tomar medidas. Realizou-se, por exemplo, a primeira volta das eleições municipais, a 15 de Março, já com a epidemia em curso.
  • Resposta tímida. Na fase inicial da pandemia, muitos europeus criticaram os seus governos por não assumirem de imediato medidas mais drásticas, como a quarentena obrigatória, fecho de escolas e empresas, numa tentativa de conter a propagação do vírus.
  • Resposta irresponsável. É uma queixa sobretudo de muitos cidadãos holandeses e britânicos. Os seus governos têm resistido a medidas mais drásticas, como a obrigatoriedade de isolamento social, ao adoptarem, pelo menos na fase inicial, uma estratégia para promover a chamada “imunidade de grupo”, que implicaria deixar que grande parte da população ficasse infectada com o novo coronavírus.
  • Recusa de testes em massa. Muitos europeus têm-se queixado de que os seus executivos já deviam ter avançado com testes em massa para se rastrear melhor o desenvolvimento da pandemia. As autoridades de Saúde têm optado por testar apenas quem apresente múltiplos sintomas, tenha estado em contacto com pessoas que são casos confirmados da doença e profissionais de saúde. Os epidemiologistas dizem que a janela de tempo em que os testes generalizados fariam a diferença já passou. 
  • Falta de material médico e camas. As carências de material médico, como luvas e máscaras, e camas nos serviços de saúde sobrelotados têm sido uma das principais queixas. Há profissionais de saúde e de sectores essenciais da economia sem o material médico necessário para se protegerem. É sobretudo o caso de Itália e Espanha. Também na Alemanha há queixas de falta de equipamento médico.
  • Inexistência de indústria médica e farmacêutica europeia. A maior parte do equipamento médico, como ventiladores, e medicamentos consumidos pelos europeus, é produzida na China, com a Europa a ficar numa situação frágil de dependência. Especialistas em saúde têm apelado a que, após a pandemia, se promova uma indústria médica e farmacêutica europeia. 
  • Falta de coordenação entre Estados europeus. Países vizinhos têm avançado com medidas diferentes no combate à covid-19 – por exemplo, quando a Bélgica encerrou todos os estabelecimentos e decretou a quarentena obrigatória, muitos belgas puderam atravessar a fronteira para a Holanda, onde os bares e restaurantes permaneceram abertos. 
  • Nacionais retidos noutros países. Milhares de europeus retidos no estrangeiro têm-se sentido abandonados pelos seus governos por não estarem a conseguir repatriá-los. Em Portugal, por exemplo, britânicos que queriam regressar disseram ter sido abandonados pelo executivo britânico. 
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