Empresas de Ovar têm 150 milhões em mercadoria retida pelo cerco sanitário

Autarquia pede “discriminação positiva” em termos fiscais para as empresas do concelho.

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Cerco sanitário em Ovar limita circulação de mercadorias Adriano Miranda

As empresas de Ovar têm “150 milhões de euros” de mercadoria em armazém e sem possibilidade de ser expedida, devido ao cerco sanitário e geográfico do concelho causado pela covid-19, disse o presidente da autarquia.

O dirigente da Câmara Municipal de Ovar, Salvador Malheiro, falava numa videoconferência com o Presidente da República, explicando que a situação se deve ao controlo de fronteiras que, desde a declaração a 17 de Março do estado de calamidade pública no concelho, limita aos bens de primeira necessidade a circulação de mercadorias de e para o território.

O autarca defendeu que essas medidas têm assegurado eficácia ao cerco sanitário e ajudado a controlar a disseminação da covid-19, mas sublinhou que “para isso funcionar” as empresas locais “estão a sofrer muito” e têm actualmente retidos “150 milhões de euros só em stock impedido de sair do município”.

Com base nisso, Salvador Malheiro apelou a Marcelo Rebelo de Sousa para que use da influência junto do Governo com vista a obter uma “discriminação positiva” em termos fiscais para as empresas do concelho.

“Isso é de elementar justiça, sabendo que as nossas empresas não podem trabalhar, enquanto as outras [no resto do país] estão a laborar”, declarou.

O presidente da Câmara disse que a autarquia fará a sua parte, abdicando de rendas sociais, taxas de resíduos e taxas municipais, mas alertou: “Não podemos ser nós a fazer face aos enormes prejuízos industriais de empresas que têm sido decisivas para o desenvolvimento da região e do país”.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infectou perto de 450 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 20.000.

Depois de surgir na China, em Dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

O continente europeu, com cerca de 240.000 infectados, é aquele onde está a surgir actualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 7.503 mortos em 74.386 casos registados até esta quinta-feira.

Em Portugal, a Direcção-Geral da Saúde registou na quarta-feira 43 mortos e 2.995 infecções confirmadas.

Dada a evolução da pandemia, a 17 de Março o Governo declarou o estado de calamidade pública em Ovar, concelho de 148 quilómetros quadrados com cerca de 55.400 habitantes.

Desde as 00:00 do dia 19, o país encontra-se em estado de emergência, em vigor até às 23:59 de 2 de Abril.

Vários países adoptaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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