O viajante

Esta é a segunda conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo.

O conceito de nacionalidade era no tempo de Al Farabi ainda mais fluido do que na nossa — ele pode de facto ter sido sogdiano, persa, turco e ainda outras coisas ao mesmo tempo e de maneiras diferentes — e sobretudo jamais seria capaz de corresponder às expectativas do nacionalismo que acha que responder à pergunta “de onde vem Al Farabi” seria o mesmo que responder à pergunta “o que era Al Farabi” e que isso arrumaria mais ou menos definitivamente com o assunto “como era Al Farabi”.

A única coisa que podemos dizer sem medo é que ele vem daquela parte do mundo a que poderíamos chamar “caravanistão”; uma parte do mundo onde os movimentos pendulares dos pastores, guerreiros e mercadores traziam marés de pessoas de oriente para ocidente e vice-versa, onde essas marés de pessoas paravam junto a fogueiras à noite, e onde junto a essas fogueiras se tocava música que os filósofos antigos, e os letrados judeus, cristãos e muçulmanos acreditavam compartilhar a sua natureza com a dos astros.

Esta é a segunda conversa da nossa primeira memória, sobre o fanatismo.

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