Alemanha pede a fabricantes de automóveis que produzam equipamento médico

Volkswagen e Daimler estão em conversações com as autoridades alemãs para produzirem ventiladores e máscaras.

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Reuters/Matthias Rietschel

O Governo alemão pediu às grandes fabricantes de automóveis que se concentrem na produção de equipamentos médicos, como máscaras ou ventiladores, para o combate à pandemia da covid-19.

Segundo a Bloomberg, este pedido às grandes companhias do sector automóvel faz parte de um esforço maior do executivo alemão para mobilizar os recursos de engenharia e produção do país e ultrapassar os estrangulamentos no fabrico de equipamento médico, decisivo para lutar contra a pandemia.

“A decisão cabe às empresas, as empresas devem decidir por elas próprias”, afirmou um porta-voz do Ministério de Economia.

Nas últimas semanas, na Europa e nos Estados Unidos, os líderes políticos têm intensificado os esforços para envolver o sector privado no combate à doença, enquanto os sistemas de saúde começam a dar sinal de colapso e a falta de material médico e de protecção individual (como máscaras, luvas e batas) se converte num dos principais obstáculos para os profissionais de saúde.

Um porta-voz da Volkswagen (que em Portugal tem a Autoeuropa, em Palmela) confirmou por email à Bloomberg que a empresa está em conversações com o governo alemão e que já criou uma task force internacional para explorar as suas opções.

A Volkswagen está pronta para iniciar o fabrico de novos produtos assim que receber as informações necessárias das autoridades, garantiu este porta-voz. Acrescentou também que a empresa tem 125 impressoras 3-D industriais, que são habitualmente usadas para fabricar componentes para protótipos automóveis e que podem ser usados nestas novas linhas de produção.

Ontem (sábado, dia 21 de Março), o presidente executivo do grupo, Herbert Diess, revelou que a empresa está a reforçar a capacidade de produção de máscaras na China e a ajudar as autoridades de saúde alemãs com o fornecimento de equipamentos de medição de temperatura, máscaras, desinfectantes e materiais de diagnóstico.

A Daimler AG (dona da Mercedes) também confirmou à Bloomberg que recebeu um pedido de ajuda das autoridades alemãs e está a analisar o tema.

O sector automóvel tem sido um dos grandes pilares das exportações germânicas, mas não será o bastante para salvar a maior economia da zona euro de um quadro de retracção, depois de um crescimento muito débil no terceiro trimestre.

Na segunda-feira, o país deverá anunciar um pacote de estímulos económicos no valor de 350 mil milhões de euros (de acordo com o Financial Times), incluindo um reforço orçamental na ordem dos 150 mil milhões de euros.

O recurso ao sector automóvel para conter a crise de saúde pública também ocorre em Itália, onde a Ferrari e a Fiat Chrysler estão em conversações com o maior fabricante de ventiladores para poderem reorientar as suas produções. 

Nos Estados Unidos, a General Motors também admitiu poder vir a fabricar ventiladores hospitalares.

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