Que a esperança nunca morra mesmo em tempos de chumbo de pandemia

Somos frágeis, mas somos igualmente fortes. Se dermos as mãos vamos vencer exatamente porque não somos cegos, mas lúcidos, solidários e humanos humanistas.

Por entre as cidades, vilas e aldeias paira sobre as nossas cabeças um ar pesado de chumbo. Das nossas janelas, às vezes, vemos os nossos vizinhos por detrás dos vidros. E nem sempre acenamos.

No rosto a angústia dos primeiros passos de um caminho a desbravar a catanadas de ansiedade. Somos frágeis, muito frágeis. Mas não é menos verdade que essa fragilidade não nos impede de poder ser portadores de sentimentos humanistas que nos diferenciam de todas as outras espécies.

Não seguimos o instinto; nós descobrimos instrumentos que nos permitem intervir e até mudar a natureza que também é cruel. Que se iludam os que a imaginam boazinha. É o que é – linda, astuta, fantástica, brutal, traiçoeira.

Temos a possibilidade de agir sobre a própria natureza das coisas, até inventamos as casas que hoje nos defendem. Não são grutas naturais, são obras de arquitetura ou de engenharia humana. Descobrimos os vírus e isso é muitíssimo mais que um instinto. É conhecimento.

Não somos predadores. Somo animais sociáveis. Precisamos dos outros. A nossa sensibilidade e inteligência aproximam-nos mais uns dos outros, sobretudo em tempos de chumbo.

Temos o dever de contribuir para que os nossos comportamentos elevem a nossa humanidade a um patamar que nos diferencie de todas as outras espécies. Não precisamos de xerifes pejados de armas para imporem o poder e a lei do mais forte. Do que se trata é de defender a vida da e na comunidade, sem pistoleiros, com amor e solidariedade.

Correr a comprar armas é uma outra doença provocada por outro vírus – o da brutalidade e o da desagregação social. O homem de negócios que ocupa a Casa Branca não tem estrutura humana para decifrar o humanismo e os melhores sentimentos humanos. Pobre criatura. Viveu sempre a ofender.

O vírus não distingue ninguém. Não é chinês, nem italiano. É um perigo para todos. Só dando as mãos dos cientistas e trabalhadores da saúde aliado a comportamentos responsáveis nos vai permitir seguir em frente. A vacina será para todos e não para o negociante de Washington porque dela todos dependemos. Não é a América great again que ele quer, o que ele quer é o big Money always.

Por entre as cidades, vilas e aldeias apesar dos tempos de chumbo há lugar para a Esperança. Sem armas e o Leviatan para que o tirano nos diga o que podemos fazer. Precisamos de convocar todo o humanismo que é o melhor que tem a Humanidade.

Na Itália afundada em dor há quem vá à varanda e cante. Aplaudem os vizinhos que escutam em tempos de chumbo. Esse canto e essa solidariedade é a nossa melhor arma.

Somos frágeis, mas somos igualmente fortes. Nós sabemos o que é este vírus e ele não sabe quem somos. É cego. E se dermos as mãos vamos vencer exatamente porque não somos cegos, mas lúcidos, solidários e humanos humanistas.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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