Tulsi Gabbard abandona primárias do Partido Democrata e apoia Joe Biden

Congressista norte-americana esteve ao lado de Bernie Sanders em 2016 e foi acusada por Hillary Clinton de ser apoiada pela Rússia. Agora, vai concentrar-se no combate ao novo coronavírus.

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Gabbard disse que Joe Biden pode unir o país Reuters/Sam Wolfe

A congressista norte-americana Tulsi Gabbard anunciou, esta quinta-feira, que desistiu da sua candidatura nas eleições primárias do Partido Democrata. Gabbard era a única candidata ainda na corrida para além dos favoritos Joe Biden e Bernie Sanders, e a partir de agora vai apoiar o antigo vice-presidente dos Estados Unidos.

Gabbard conquistou apenas dois delegados nas eleições primárias, ambos na votação no território da Samoa Americana. O líder é Joe Biden com 1181, seguindo-se Bernie Sanders com 885. 

Numa mensagem em vídeo publicada na rede social Twitter, a congressista eleita pelo estado norte-americano do Havai disse que vai focar-se no combate à pandemia do novo coronavírus, que começa a afectar de forma preocupante os Estados Unidos.

“A nossa nação enfrenta uma crise global sem precedentes, que põe em evidência os laços inextrincáveis da humanidade e a forma como a política externa e interna são inseparáveis”, disse Tulsi Gabbard.

“A minha melhor contribuição, neste momento, é continuar a trabalhar, no Congresso, em prol da saúde e do bem-estar do povo do Havai e de todo o país. E estou preparada para vestir o uniforme se a Guarda Nacional do Havai for activada.”

Gabbard, de 38 anos, combateu na guerra no Iraque entre 2004 e 2005 como membro da Guarda Nacional do Exército dos Estados Unidos, e liderou um pelotão da Polícia Militar norte-americana no Kuwait entre 2008 e 2009.

Essas experiências moldaram as suas opiniões sobre a política externa dos Estados Unidos, sendo conhecidas as suas divergências com a linha oficial do Partido Democrata. Na campanha para as eleições primárias deste ano, defendeu uma política não-intervencionista e criticou as guerras travadas com o objectivo de mudar regimes.

O apoio a Joe Biden para o resto das eleições primárias no Partido Democrata seria surpreendente se o senador Bernie Sanders ainda tivesse fortes hipóteses de vencer a corrida. Mas as vitórias de Biden nas eleições mais recentes, e a notícia de que Sanders vai “avaliar” o futuro da sua campanha, indicam que a decisão está praticamente fechada – o adversário de Donald Trump nas presidenciais de Novembro será Joe Biden.

“Apesar de não concordar com o vice-presidente em todos os assuntos, sei que ele tem um bom coração e que se guia pelo amor que tem ao nosso país e ao povo americano”, disse Gabbard. “Acredito que ele vai liderar o nosso país com o espírito aloha – respeito e compaixão – e, dessa forma, ajudar a sarar as divisões que têm dilacerado o nosso país.”

Quando Sanders anunciou a sua candidatura às eleições primárias de 2016, Gabbard era vice-presidente da Comissão Nacional do Partido Democrata e demitiu-se desse cargo para apoiar o senador do Vermont, com quem partilha uma visão não-intervencionista da política externa norte-americana.

A relação de Gabbard com o Partido Democrata agravou-se com a sua participação numa reunião na Trump Tower, em Novembro de 2016, quando Donald Trump era já o Presidente eleito dos Estados Unidos.

Na altura, a congressista disse que tinha sido convidada pela equipa de Trump e que deu a sua opinião contra uma eventual intervenção militar na Síria e sobre outros assuntos de política externa. Os jornais norte-americanos noticiaram que Gabbard estava a ser avaliada para integrar a Casa Branca de Trump, no Departamento de Estado, no Departamento da Defesa ou nas Nações Unidas.

Em Outubro de 2019, a antiga secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton sugeriu que Tulsi Gabbard tinha o apoio da Rússia e que estava a ser “preparada” pelo Partido Republicano para se candidatar por um terceiro partido nas eleições presidenciais deste ano.

Em resposta, a congressista do Havai chamou a Clinton “a rainha dos promotores da guerra e a personificação da corrupção e da podridão que assola o Partido Democrata há muito tempo”.

Em Janeiro, Gabbard levou Clinton a tribunal por “difamação", num processo em que exige uma indemnização de 50 milhões de dólares.

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