Centro de rastreio do Porto já funciona e poderá fazer 400 testes por dia

Depois de dois dias em fase-piloto, Queimódromo do Porto já está a realizar rastreio da covid-19. Modelo poderá ser replicado em mais cidades do Norte, diz ARS-N.

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Entram no recinto do Queimódromo dentro dos carros e nunca saem deles. No acesso, abrindo ligeiramente a janela, dão os dados pessoais para a equipa verificar se tem indicação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) para fazer um teste de rastreio do coronavírus àquela pessoa. Dada essa luz verde, aproximam o carro da equipa de médicos e profissionais de colheita. Com uma zaragatoa passada no nariz, o teste fica feito. Terão passado cinco a sete minutos. Os resultados são comunicados ao utente pelos serviços de saúde 24 a 72 horas depois.

Assim funciona o centro de rastreio instalado no recinto habituado a cenários de festa rija dos universitários do Porto, pela altura da Queima das Fitas, e agora transformado numa arma de combate ao surto de covid-19. Duas tendas abertas, mesas de apoio, profissionais totalmente protegidos. O espaço abriu oficialmente nesta quarta-feira, depois de dois dias em testes, e irá fazer 200 exames até ao fim do dia. À medida que a necessidade aumentar poderá chegar aos 400 diários.

Rui Moreira juntou-se à equipa da Unilabs Portugal, que há dias contactou a Câmara do Porto mostrando disponibilidade para montar um centro com inspiração nos Estados Unidos e na Coreia, num modelo recomendado pela Universidade Stanford, para explicar aos cidadãos o funcionamento daquela unidade. É uma espécie de drive in, com o funcionamento que “mais protege as pessoas”, utentes e profissionais de saúde, quis sublinhar Luís Menezes, administrador do laboratório de análises. Os testes serão feitos gratuitamente apenas e só a utentes com sintomas direccionados pelo SNS – ninguém pode, por livre iniciativa, deslocar-se àquele local para realizar o exame.

A ARS-Norte já identificou mais locais, noutras cidades, para instalar centros semelhantes, divulgou Carlos Nunes, presidente dessa entidade. E a Unilabs Portugal diz ter disponibilidade para operacionalizar essa resposta. “No âmbito da ARS-Norte estamos com muito boas esperanças de que, com todas estas medidas, seja possível conter esta epidemia de modo que ela não se espalhe de modo descontrolado”, afirmou Carlos Nunes, falando no controlo feito em Felgueiras e Lousada como exemplar.

Num cenário a mudar “de dia para dia ou mesmo de hora para hora”, é importante reforçar uma mensagem já repetida à exaustão, disse Carlos Nunes: os cidadãos que não tenham trabalhos indispensáveis devem permanecer em casa. Noutra linha de combate, a ARS-N continuará a tentar aumentar a capacidade de rastreio e a “testar, testar, testar”.

Ainda durante a manhã, antes de ser decretado o estado de emergência no país, Rui Moreira recusou fazer mais comentários sobre essa possibilidade, à qual já se havia mostrado favorável, sublinhando que esta é a hora de confiar: “É bom que a população, nesta altura, confie nos responsáveis”, pediu, afirmando que o Governo “tudo tem feito para minorar o impacto desta crise”. Análises mais profundas ficarão para mais tarde: “Um dia havemos de fazer a conta às nossas responsabilidades”, disse. “Estamos a navegar num mar muito desconhecido e cada um de nós fará naturalmente o possível no âmbito daquilo que serão as suas responsabilidades e a sua consciência cívica”.

Cinquenta ventiladores, máscaras e hospitais de campanha

A ponte feita pela Câmara do Porto entre uma fábrica da China e o Hospital de São João, para que fossem importados ventiladores, deu resultado. Dentro de poucos dias, revelou Rui Moreira, o São João vai receber 25 unidades, o Santo António 20 e o Hospital de Cascais cinco. Uma empresa privada adquiriu também mais cinco ventiladores e vai oferecê-los ao São João.

Em Campanhã, um empresário disponibilizou-se para transformar a sua unidade num centro de produção de máscaras e outros equipamentos e já está a fazer mil máscaras por dia. A compra de uma máquina importada do Japão, que está a ser estudada, poderá “quadruplicar ou quintuplicar a capacidade”. Outras duas fábricas já se ofereceram para seguir o mesmo caminho. Parte desse material será para trabalhadores da câmara que continuam a desempenhar as suas funções, como bombeiros, profissionais da Protecção Civil ou de limpeza. Outra será entregue a unidades de saúde.

A possibilidade de instalar hospitais de campanha na cidade não está, também, posta de lado. Se as autoridades de saúde entenderem ser necessário, garantiu Rui Moreira, a câmara garantirá o espaço. “Tudo o que fazemos é em coordenação com as administrações dos hospitais, a Câmara do Porto não tem competência nem deve montar hospitais. Mas haverá espaços se for preciso. Já identificámos, por exemplo, um grande espaço disponível”, disse, recusando-se a adiantar, para já, a sua localização.

Para as pessoas que vivem em situação de sem abrigo, a Câmara do Porto está a montar novas camas no Hospital Joaquim Urbano. “A nossa vontade é que, com as nossas equipas de rua, possamos recolher todos os sem-abrigo, aqueles que quiserem, porque para já não podemos obrigá-los”, afirmou, admitindo a falta de voluntários que já se vai sentindo. Também as refeições para a população mais fragilizada estão concentradas nesse hospital e na Ordem do Terço.

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