Laver Cup resiste à revolução provocada por Roland Garros

Competição que junta selecções da Europa e do resto do mundo não abdica das datas previstas.

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Zverev e Federer durante a edição de 2019

O surpreendente adiamento do torneio de Roland Garros para Setembro ameaça provocar um congestionamento no calendário competitivo. E os primeiros sinais dessa sobreposição já chegaram: a organização da Laver Cup, prova que coloca frente a frente as selecções da Europa e do resto do mundo, já fez saber que não abdica da data prevista e as críticas subiram de tom.

A decisão da Federação Francesa de Ténis (FFT), tomada em função do surto de coronavírus que varre o planeta, já tinha gerado comentário de desagrado de vários agentes, com jogadores à cabeça. Porque esta troca atira Roland Garros (20 de Setembro a 4 de Outubro) para pouco depois do Open dos EUA e colide com os torneios de Metz, S. Petersburgo, Chengdu ou Sófia, para além dos eventos do quadro feminino.

Prevista para 25-27 de Setembro, também a Laver Cup estará no caminho de Roland Garros. Um problema tão mais sério quanto a prova tem dependido muito da rivalidade entre Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, três “eternos” candidatos a conquistarem provas do Grand Slam.

“Este anúncio foi uma surpresa para nós e para os nossos parceiros. Levanta muitas questões e estamos a avaliar a situação”, assumiu a organização da Laver Cup, em comunicado. “Nesta altura, queremos que os nossos fãs, patrocinadores, staff, voluntários, jogadores e a cidade de Boston saibam que queremos manter a prova como está calendarizada”.

Ainda à espera de uma posição oficial por parte do ATP Tour, do WTA Tour e da Federação Internacional de Ténis, vão surgindo reacções avulsas, como a do tenista canadiano Vasek Pospisil, que rotulou de “egoísta” e “arrogante” a decisão tomada pela FFT. Ou como a do britânico Jamie Murray: “Julgava que os decisores no ténis estavam a trabalhar em conjunto por estes dias”.

À espera de uma posição oficial

Entretanto, a Federação de Ténis dos EUA (USTA) já tinha tornado público que não pretende alterar as datas do Open dos EUA (de 25 de Agosto a 13 de Setembro) e deixou uma crítica às alterações que vão sendo tomadas sem ouvir as partes. 

“Num momento em que o mundo se une, uma decisão destas [de alterar o calendário] não deve ser tomada unilateralmente. A USTA só o fará num processo de consulta com outros torneios do Grand Slam, com o WTA, o ATP, a ITF e outros parceiros, incluindo a Laver Cup”, adiantam os dirigentes, em comunicado.

A organização dos torneios de Wimbledon e do Open da Austrália não prevê, pelo menos por enquanto, alterações às datas inicialmente estabelecidas, enquanto os responsáveis pelo Open da Coreia (21 a 27 de Setembro) aguardam ainda por uma posição do WTA sobre as implicações da mudança de Roland Garros para se pronunciarem.

A mesma posição, de resto, é adoptada pelo Open da China. “Não recebemos nenhuma notificação sobre o ajustamento do calendário da parte do WTA e do ATP e, por isso, estamos a preparar o nosso evento de acordo com o plano original”, afirmam.

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