Denúncia de menores portugueses detidos para quarentena desmentida por Macau

Os menores, entre os 13 e os 17 anos, estudam em Portugal e regressaram esta madrugada a Macau. Depois de 40 dias sem novos casos de Covid-19, Macau registou na segunda-feira e hoje dois novos casos importados, um de Portugal e outro de Espanha.

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Pátio de Chón Sau, em Macau Daniel Rocha

Os pais de seis menores portugueses disseram à Lusa esta terça-feira que as autoridades de Macau detiveram os filhos, residentes do território, e encaminharam-nos para uma quarentena obrigatória sem informar ou obter o consentimento parental.

As autoridades porém desmentiram essa versão e garantem que dois dos pais dos menores já assinaram a autorização.

“Na altura telefonámos e na altura recusaram a assinatura”, afirmou, em conferência de imprensa, a coordenadora do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, reforçando: “Telefonámos e entregámos uma declaração para assinatura, mas eles recusaram”.

“Os pais sabiam bem que as medidas eram de observação médica” de 14 dias num hotel designado, frisou a coordenadora do Centro de Prevenção e Controlo da Doença dos Serviços de Saúde, Leong Iek Hou.

Entretanto, indicou que os pais de dois menores já assinaram a declaração, mas um continua a negar-se a assinar.”Durante este processo [o pai] não disse nada, nem disse se queria acompanhar os filhos para o hotel”, denunciou a responsável.

As pessoas têm direito a interporem recursos, mas não devem recusar o isolamento para não prejudicarem o trabalho das autoridades, apelou o Governo de Macau.

Sem aulas em Portugal

Os menores, entre os 13 e os 17 anos, estudam em Portugal e regressaram esta madrugada a Macau, ao anteciparem as férias da Páscoa, uma vez que estão sem aulas em território português, explicou um dos três pais que denunciaram o caso, Diogo Giraldes, que anteriormente apresentara uma versão contrária.

“Ao chegarem a Macau, foram detidos e estiveram três horas e tal detidos pelas autoridades e não foi prestada qualquer informação aos pais”, avançou à Lusa Bruno Simões, outro dos pais. Três horas após serem retidos pelas autoridades, às 6h30 (22h30 em Lisboa), os menores saíram escoltados do Aeroporto Internacional de Macau pelas forças de segurança, adiantaram ambos os pais.

“Paro a comitiva e pergunto para onde é que vão levar os nossos filhos, queremos saber o que se passa aqui. Quem é responsável aqui? Não havia ninguém responsável. Por parte da polícia apenas estavam a escoltar os menores. Por parte da saúde, estavam lá três senhoras que não abriram a boca”, acrescentou Bruno Simões.

“À saída, escoltados pela polícia dissemos: não podem levar os nossos filhos sem nos darem qualquer tipo de informação, sem nos darem qualquer documento a assinar”, lamentou Diogo Giraldes.

Quarentena em pousada

Afinal, criticou, “puseram crianças, menores, a assinar termos de responsabilidade para fazerem a quarentena em casa” e depois “mandam-nos para a pousada” Marina Infante, um dos centros de isolamento, na ilha da Taipa. Uma das menores tem 13 anos.

Os pais dizem estar “completamente às escuras”, uma vez que às 16h (8h em Lisboa) não tinham recebido qualquer informação por parte das autoridades de Macau. “O que sabemos é através dos nossos filhos, por contacto telefónico”, afirmou Diogo Giraldes.

Hoje, o chefe do Governo de Macau anunciou que, a partir da meia-noite de quarta-feira (16h de terça-feira em Lisboa), só vai permitir a entrada na cidade aos residentes do território, da China continental, Hong Kong e Taiwan e aos trabalhadores não residentes de Macau.

Antes, na segunda-feira, as autoridades decidiram avançar para quarentena quase total a todos aqueles que entrassem no território, de forma a conter casos importados, uma medida imposta a todos os indivíduos que viajaram em países nos 14 dias anteriores à entrada no território, com excepção da China continental, Taiwan e Hong Kong.

Depois de 40 dias sem novos casos de Covid-19, Macau registou na segunda-feira e hoje dois novos casos importados, um de Portugal e outro de Espanha, respectivamente.

Antes destas duas confirmações, Macau registava dez casos de infecção com o vírus da Covid-19, tendo todos já recebido alta hospitalar. Agora, são 12 o número de pessoas em Macau infectadas desde que o surto começou.

O surto espalhou-se por mais de 140 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia. Depois da China, que regista a maioria dos casos, a Europa tornou-se no centro da pandemia, com quase 60 mil infectados e pelo menos 2.684 mortos.

Face ao avanço da pandemia, vários países adoptaram medidas excepcionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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