Coronavírus: nasceu primeiro bebé de mulher infectada em Portugal. Primeiro teste de despiste deu negativo

O primeiro teste de despiste da covid-19 feito ao bebé deu negativo, mas terá de ser repetido para confirmação do resultado.

Foto
O bebé nasceu no hospital de São João, no Porto Adriano Miranda

Nasceu o primeiro bebé de uma mulher infectada pelo novo coronavírus em Portugal. O parto aconteceu no Hospital de São João, no Porto, durante a madrugada desta terça-feira. O primeiro teste de despiste da covid-19 feito à criança deu negativo, apurou o PÚBLICO.

O teste terá de ser repetido dentro de 72 horas para se confirmar que a bebé está mesmo livre de doença.

Poucas horas depois do parto, a mãe e a recém-nascida encontravam-se bem de saúde.

Questionada sobre este parto, numa conferência de imprensa ao início da tarde desta terça-feira, a directora-geral da saúde Graça Freitas sublinhou que “tudo correu de acordo com o que estava programado”. “A assistência ao parto foi feita com as condições ideais de isolamento”, afirmou a directora-geral da Saúde.

Sabendo que “a maior parte das crianças não nasce infectada mesmo que a sua progenitora esteja”, Graça Freitas acredita que mãe e filha estão “no sítio certo para que tudo corra bem”.

De facto, ainda não são conhecidos os efeitos da infecção por SARS-CoV-2 (o vírus que origina a covid-19) nas grávidas, tal como não se sabe o suficiente sobre a transmissão vertical (de mães para filhos) do vírus.

De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet, em Fevereiro, não há provas científicas sustentadas que mostrem que as grávidas podem passar a infecção aos embriões, nem nas fases finais da gravidez nem durante o parto. 

Também não há provas de que se observem mais complicações de saúde nas grávidas com covid-19: “As características clínicas reportadas nas mulheres grávidas com diagnóstico confirmado de infecção por covid-19 são semelhantes às reportadas em adultos que não estão grávidos com infecção confirmada por covid-19”, lê-se no estudo.

O estudo foi feito usando como amostra 19 mulheres grávidas infectadas com o vírus.

Da mesma forma, ainda não há prova científica de que o vírus passe da mãe para o bebé através do leite materno, sublinha a Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI).

A SPMI aconselha as grávidas a ficar em isolamento profiláctico e a respeitar as regras de etiqueta respiratória e as mães que estão a amamentar são aconselhadas a usar máscaras e a desinfectar as mãos antes de alimentar o bebé.

“Sabe-se que as alterações imunológicas da gravidez podem predispor para infecções respiratórias, aumentando a morbilidade materna”, referem os especialistas da SPMI, que também dizem que “não há prova” de que após o parto a mãe deva ser separada do bebé.

Os conselhos para as grávidas são os mesmos que para a população em geral:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por, pelo menos, 20 segundos;
  • Usar um desinfectante para as mãos à base de álcool, como álcool em gel;
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não-lavadas;
  • Evitar contacto próximo com pessoas doentes;
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar para um lenço de papel e deitar no lixo;
  • Limpar e desinfectar objectos e superfícies tocados com frequência.

Em Portugal, há 448 casos confirmados de infecção e uma morte devido ao novo coronavírus, com três casos de pessoas que já recuperaram a registar. Actualmente, há 19 cadeias de transmissão conhecidas. 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários