Escrever um diário é um antídoto para tempos de incerteza

Não aproveite estes dias de confinamento para tentar resolver tudo o que se foi acumulando por fazer em casa e comece a escrever sobre este novo quotidiano.

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Kelly Sikkema/Unsplash

Lembra-se do que sentiu quando, a meio da infância ou no princípio da adolescência, lhe oferecerem aquele caderno com um pequeno cadeado, onde supostamente poderiam caber todos os seus segredos e pelo caminho tudo o que lhe viesse à cabeça? Quem sabe, voltar a esta experiência talvez funcione como um antídoto para os dias de incerteza em que agora mergulhámos e, por isso, lhe deixamos este desafio: comece a escrever um diário, se possível já a partir de hoje.

Pode aproveitar um caderno que tenha por casa ou utilizar o seu “fiel” computador. O meio para o caso não é relevante. O que importará mesmo é fazer o seu relato deste tempo que poderá ser único pelas piores razões, mas que também nos vai desafiar a darmos o que de melhor possamos ser capazes.

E sabe que escrever um diário pode ajudar a que tal aconteça? Foi o que descobriu uma equipa de psicólogos norte-americanos, num estudo realizado no princípio do século. Afirmam eles, num artigo publicado no Journal of Experimental Psychology, que quando se está passar por um acontecimento traumático ou particularmente stressante, “a nossa capacidade de concentração não é a que deveria ser” e por isso se torna muito difícil definir “estratégias de enfrentamento” que permitam lidar com situações que escapam de todo à rotina e para as quais não existem respostas automáticas.

Mas depois de terem trabalhado com cerca de uma centena de voluntários, esta mesma equipa chegou à conclusão que para isto há um remédio fácil à mão: “Uma coisa tão simples como escrever cerca de 20 minutos sobre os problemas que nos estão a afectar pode ter efeitos importantes não só na saúde física e mental, como também em termos de capacidades cognitivas” e permitir assim enfrentar melhor situações que sejam particularmente difíceis.

Por outro lado, escrever um diário vai permitir-lhe que se lembre mais tarde dos pormenores de que estes dias também irão ser feitos e passar o testemunho a outros. Como se tem vindo a comprovar, para o curso da História também têm entrado a concurso estes pequenos “nadas” do quotidiano. Que só permanecem no tempo se foram registados: a memória acaba por não ser uma boa amiga para este efeito.

Está à espera de quê? Não aproveite estes dias de confinamento para tentar resolver tudo o que se foi acumulando por fazer em casa e comece a escrever sobre este novo quotidiano. Até porque neste mundo em overdose de imagens, as palavras poderão ter sempre “um poder curativo”.


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