Coronavírus: CP tem plano para reduzir número de comboios

Comboios de longo curso têm andado vazios. Empresa tem vários cenários de cortes no serviço que aguardam decisão da tutela. Em Espanha, as carruagens dos comboios de longo curso só poderão acomodar 30% dos passageiros para manter distância de segurança.

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Paulo Pimenta

A CP tem um plano para reduzir a sua oferta regular, tendo em conta a acentuada quebra na procura nos últimos dias. Na semana passada, no longo curso (Alfas e Intercidades), o número de passageiros diminui em 50%, situação que se agravou hoje e que deverá continuar durante os próximos dias. 

A empresa preparou vários cenários de adequação da oferta, procurando sobretudo assegurar as relações casa-trabalho nos serviços suburbanos, mas admitindo cortes maiores no serviço de longo curso. 

Este plano tem também em conta uma eventual redução do efectivo laboral devido a contágio, havendo cenários para redução de 10%, 15% ou 50% do número de trabalhadores. 

Contudo, será o Governo a decidir qual a oferta mínima que a transportadora pública deverá manter, tendo em conta, inclusive, o contrato de serviço público assinado entre o Estado e a CP e que só parcialmente entrou em vigor porque aguarda o visto do Tribunal de Contas. 

Mas os exemplos de Espanha e França poderão dar uma ideia do que poderá ser a oferta ferroviária em Portugal nos próximos tempos. A Renfe — que ontem à noite anunciou a supressão do serviço internacional com Portugal — reduziu para metade o número de comboios de longo curso, afectando sobretudo o serviço de alta velocidade (AVE). Este segmento sofreu uma quebra de 85%. Para evitar contágios e manter a distância de segurança entre os passageiros, a empresa só disponibilizará 30% dos lugares em cada carruagem. Os revisores têm indicações para fazer cumprir essa recomendação. 

A operadora espanhola admite reembolsos sem penalizações de todos os bilhetes comprados previamente, mas acabou com todo o tipo de descontos em vigor, excepto as reduções para famílias numerosas. 

De acordo com a informação oficial da empresa, os serviços suburbanos mantêm a oferta regular, mas as redes sociais fizeram eco da indignação de muitos espanhóis, esta manhã, em Madrid por alegadamente ter havido cortes nos comboios e os passageiros terem tido de viajar amontoados. 

Os sistemas de metropolitano em Espanha têm mantido a sua oferta, mas registaram grandes quebras na procura: Madrid com 82,6%, Bilbau com 76% e Valência com 83%. 

Em França, a SNCF anunciou que a partir desta segunda-feira a oferta de comboios será reduzida em 80%, afectando o serviço de suburbano e de longa distância, incluindo o TGV e os Intercidades. Todos os passageiros que já compraram bilhetes e que verão os seus comboios suprimidos poderão ser encaminhados para outros comboios ou serem reembolsados sem encargos. 

A empresa estima que, devido ao fecho das escolas e jardins-de-infância, 20% dos seus trabalhadores terão de ficar em casa com os filhos.

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