Os meus avós são mesmo avós… um porto seguro

Os avós proporcionam um sentido de estabilidade e segurança aos netos, que os ajuda na procura da sua identidade.

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Na estrutura da família e da educação dos mais novos, os avós desempenham um papel essencial. Quem melhor do que os netos para falar disso? Hoje falamos sobre os avós, a partir do testemunho vivido de nove netos e netas, adolescentes e jovens adultos.

A relação dos netos com os avós marca para a vida, deixando nos seus corações vivências duradouras que transportam consigo onde quer que vão: “Sei que os levo no coração para todo o lado” (Alice).

Os avós ensinam, transmitem valores, crenças, tradições e rituais através de comportamentos e palavras que revelam uma sabedoria feita de experiência e que surpreende os netos, influenciando a construção da sua personalidade: “Os meus avós mostraram-me a pessoa que quero ser quando chegar à idade deles, são pessoas que levam a sua vida a pensar em como ajudar a sua família e as pessoas que os rodeiam” (Teresa).

Os avós servem de referência, de modelos para as vidas dos netos, que muitas vezes, tentam imitar: “Acho que não há mais nada que possa dizer para mostrar o meu amor por eles, sem ser que espero um dia conseguir ter as qualidades deles e ser tão boa avó para meus netos como eles foram para mim” (Alice).

O futuro da família também é feito a transmissão de histórias de vida passada de avós para netos: “Sempre que a visito, falamos sobre a interessantíssima vida dela” (João). Os avós contam histórias de acontecimentos vividos, memórias instigantes: “A minha avó é mesmo incrível. Estou pelo menos uma vez por semana com ela e é muito inspiradora pelas suas histórias” (Leonardo).

Os avós são educadores por prazer, numa presença mais serena, sempre saudosos de ver, de estar e de ouvir os seus netos: “Com os meus avós, faço programas mais calmos; é bom passar tempo com os meus avós porque consigo ver que têm sempre saudades minhas quando não estou” (Vasco). Os avós têm muito para partilhar: “Todos os domingos há almoço em casa dos meus avós, com tanta conversa para pôr em dia, ficamos sempre até à hora de jantar” (Catarina).

Os avós cuidam dos netos: “A minha avó nunca acha que comemos o suficiente, então, depois do almoço, prepara sempre um lanche” (Catarina). Há entre os avós e os netos um amor incondicional que se constrói no dia-a-dia: “O meu avô é como se fosse um segundo pai, leva-me a sítios, ensina-me coisas, é como se fosse um pai para mim” (Leonardo).

Os netos adoram os conselhos dos avós, porque sentem um ambiente de calma, compreensão e tolerância: “Os avós são pessoas com mais experiência de vida. Por isso são os melhores a dar conselhos” (Catarina).

Os netos adoram a atenção e a paciência com que os avós tentam ir ao encontro dos seus gostos e necessidades. Os avós não têm pressa, os avós têm tempo. Como companheiros de vida, os avós têm prazer em criar e partilhar momentos lúdicos e de aventura com os netos: “Com a minha avó, jogava jogos de tabuleiro, passeava por jardins e comia gelados. Também fazíamos bolos e bolachas” (Inês). Ou: “A minha avó é mesmo avó — com uma genica descomunal leva-nos para todo o lado, cinema, museus” (Rita).

Os avós são peritos na partilha de interesses comuns: “Desde criança que ouvimos juntos a programação da antena 2 e vamos vários concertos… sempre que a visito, discutimos os nossos compositores favoritos” (João). Os netos têm uma relação com avós mediada pelo afeto imediato, de ternura: “A minha avó… é uma mimadora profissional e nós sempre gostámos de ser crianças com ela” (Rita).

As relações dos netos com os avós inspiram mais segurança, uma presença menos exigente e por isso reforçam a auto-estima dos netos: “Contar aos avós boas notícias é sempre a melhor coisa, são sempre os que ficam mais orgulhosos” (Catarina). Fazem-no com disponibilidade: “A minha avó estudava comigo e fazia-me ditados” (Inês).

Os avós proporcionam um sentido de estabilidade e segurança aos netos que os ajuda na procura da sua identidade: “São um exemplo e um porto seguro, aprendi com eles tudo o que sei sobre a vida real” (Alice)

Quando os netos vivem longe dos avós, não podem crescer tão próximo deles, mas não impede a partilha de interesses e gostos: “Apesar da distância que nos separa… sempre partilhamos uma forte ligação baseada no nosso amor mútuo de música clássica” (João). A relação afetiva não tem distância emocional, não condiciona a relação entre avós e netos: “Por estudar em Lisboa e a minha família residir exclusivamente no Ribatejo, o convívio com os meus avós só costuma acontecer nas épocas festivas. O fato de estarmos separados, não invalida o apreço que tenho por eles… acabo sempre por sair feliz, mas saudoso dos jantares de família” (Miguel).

Quando existe diálogo entre os netos e os avós, existe uma reciprocidade, um encontro entre duas gerações da família, um reconhecimento mútuo que é muito importante tanto para os netos como para os avós. Para os avós, representa o contato com uma geração muito mais nova e uma abertura a novas ideias e novas tecnologias. Os netos ajudam a modernizar e atualizar os avós. Os netos também gostam de fazer coisas para os avós, como arranjar a Internet que não funciona, o computador que está a dar uma mensagem esquisita ou: “Lia-lhe as notícias e artigos de pessoas de que ela gostava” (Inês).

A continuidade da família e a harmonia entre as gerações são tranquilizantes para os mais novos e mais velhos e essenciais no seu bem-estar.

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