Hospital de São João vai importar ventiladores da China

Presidente da Câmara do Porto fez a ponte entre o hospital da cidade e Shenzhen. Já há um produtor disponível para enviar ventiladores e outro material médico para o Porto.

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Hospital de São João está a estudar necessidades para comunicar a promotor chinês Adriano Miranda

“Neste momento está já identificado o produtor disponível para enviar os ventiladores e outro material médico para o Hospital de São João.” A informação, avançada este sábado pela Câmara do Porto, vem dar conta do sucesso dos contactos que Rui Moreira encetou com as autoridades chinesas: o autarca já pôs o Conselho de Administração do São João e a fábrica de onde sairão “ventiladores novos, produzidos em Shenzhen”, em contacto.

O Centro Hospitalar Universitário de São João confirmou essa informação ao PÚBLICO, dizendo-se “muito grato pela disponibilidade de colaboração" da Câmara do Porto. Não adiantando, para já, quando poderá estar essa solução disponível, diz-se, neste momento, a “trabalhar no processo para perceber as necessidades”. 

Os equipamentos estão prontos, garantiu ao PÚBLICO fonte da Câmara do Porto, sendo previsível que o envio se possa fazer logo que a administração do hospital dê luz verde à fábrica chinesa. 

Em Itália, têm-se repetido os relatos da incapacidade para enfrentar o número de hospitalizações de doentes em estado crítico. Portugal também faz a pergunta: haverá camas de cuidados intensivos e ventiladores suficientes? Este sábado, Graça Freitas preferiu não responder directamente, mas admitiu já ter feito “um apelo quer ao sector privado, quer ao social, quer ao militar para saber a quantidade de equipamentos que têm”.

Rui Moreira visitou, no final de 2019, Macau e Shenzhen, cidades geminadas com o Porto, para debater eventuais parcerias com a cidade. “Só as ligações do Porto ao mayor local tornam esta operação possível, assim como, e sobretudo, as excelentes relações com o Governo de Macau e com o Gabinete dos Assuntos de Hong Kong e Macau”, sublinha a autarquia.

Fechar “tudo o que se pode fechar"

Esta sexta-feira, a Câmara do Porto adoptou “medidas mais musculadas” para fazer frente ao surto da covid-19 e mandou fechar “tudo o que se pode fechar”, pedindo aos portuenses para reduzirem ao mínimo indispensável “a circulação e o convívio social”, de forma a reduzir “os contactos que são a fonte de contágio”.

Num vídeo publicado no site da autarquia, o autarca comunicou o encerramento dos parques públicos murados da cidade (Palácio de Cristal, São Roque, São Lázaro, Covelo, Bonjóia, Pasteleira e Virtudes) e dos parques infantis. Os serviços municipais passaram a ter apenas atendimento virtual e por telefone, tendo todos os trabalhadores que podem cumprir as suas tarefas à distância sido mandados para casa, ficando em registo de teletrabalho. Também as feiras e mercados deixaram de funcionar e os parquímetros da cidade explorados directamente pela câmara foram desactivados este sábado. Os lugares geridos pela empresa EPorto deixam de ser pagos a partir de segunda-feira, dia 16. Para os mais novos, ficará assegurada a “distribuição das refeições escolares, num sistema diferente e que assegura melhor a distância social” e a população mais desfavorecida continua a ter acesso aos restaurantes solidários.

Já antes destas medidas, recorde-se, a Câmara do Porto tinha decretado o encerramento de todos os eventos promovidos pelo município nos seus equipamentos, como o Teatro Municipal do Porto ou a galeria municipal, e também de museus e bibliotecas municipais, bem como piscinas públicas, o Pavilhão da Água, centros de educação ambiental, actividades desportivas promovidas em recintos fechados e o campo de férias de Páscoa Missão Férias@Porto.

O Norte de Portugal continua a ser a região com mais casos de covid-19 diagnosticados. Este sábado, a Direcção-Geral de Saúde actualizou para 169 o número de pessoas infectadas, mais 57 do que no dia anterior. Dez doentes estão nos cuidados intensivos.

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