Guia cultural para a quarentena: ler, aprender e jogar

Neste momento dá imenso jeito ter uma boa ludoteca de jogos de tabuleiro modernos, daqueles que realmente nos podem fazer aguentar a quarentena.

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Andre Rodrigues

O caso está sério e as medidas dos governos dos vários países apertam cada vez mais as restrições às movimentações e interacções sociais. Quer seja por quarentenas obrigatórias ou por nossa escolha pessoal, chega de minimizar o assunto. A covid-19 é uma pandemia e corremos todos riscos consideráveis. Apesar de não termos cura, podemos precaver-nos e reduzir os impactos minimizando os riscos de contágio. Por isso fiquem e casa e restrinjam contactos com outras pessoas tanto quanto puderem.

Então e o que fazer em casa? Podemos ter de estar semanas em isolamento. Se isto até pode parecer interessante nos primeiros dias, rapidamente podemos ficar saturados. Hoje, felizmente, temos muitas actividades lúdicas para fazer dentro de portas. Temos um rol infindável de tecnologias de informação e comunicação que nos permitem socializar à distância, conversar, aceder a conhecimento através de plataformas multimédia interactivas. Podemos utilizar as redes sociais digitais, ler, ver vídeos e jogar. Podemos ver TV em streaming acedendo a quantidades infindáveis de séries e filmes. Mas estar todo tempo em frente ao ecrã não será a melhor solução para todo o tempo e todas as pessoas.

Se o digital já faz parte da nossa vida, também sentimos os impulsos pós-digitais. Há mais vida para além dos ecrãs e muitas outras actividades complementares podem ser uma parte da solução. Pegar num livro, ou até numa caneta e papel, ouvir uma música com calma. Se estiverem em casa com crianças o desafio será ainda maior, mas o melhor será passar o dia a brincar e a jogar, mas sem esquecer que temos disponíveis aulas online nas principais editoras e outras plataformas de ensino. Podem também dedicar-se aos trabalhos manuais e criativos, desde que com produtos desinfectados. Controlem isso também, lavem e protejam-se, a vocês e aos objectos que manipularem e vos chegarem de novo.

Outra alternativa, uma que vou usar preferencialmente, são os jogos de tabuleiro. Quem acompanha aqui as minhas crónicas no P3 sabe que são um assunto recorrente. Neste momento dá imenso jeito ter uma boa ludoteca de jogos de tabuleiro modernos, daqueles que realmente nos podem fazer aguentar a quarentena. No meu caso são perto de 400. Muitos deles podemos jogar sozinhos, ou então com duas ou três pessoas, de modo inesgotável. Podem ser jogados com os vossos filhos e familiares, com quem estiver convosco no mesmo espaço de resguardo. Se ainda conseguirem adquirir algum tenham cuidado, desinfectem antes de usar, nunca se sabe. Se quiserem mais recomendações, podem seguir o meu canal de YouTube Jogos no Tabuleiro, onde tenho algumas sugestões de jogos de introdução que agora podem ser úteis, tal como outros conteúdos que pretendo criar para este efeito.

Notaram com certeza que todas as recomendações que fiz envolvem custos. Comprar livros, materiais para projectos criativos, ter internet, computadores, aceder a serviços pagos de televisão e ter em casa jogos de tabuleiro é dispendioso, embora estes últimos sejam duráveis e compensem o investimento pela baixa obsolescência que têm. Até nas quarentenas surgem desigualdades sociais, é um facto. Para quem não tiver disponibilidade financeira para estes investimentos vai ser mais complicado. O que fazer para contrariar isto? É pena, mas não devemos partilhar objectos, tais como livros e até jogos, a não ser que se invente um sistema que os desinfecte e transporte sem interacção humana. No entanto, algumas plataformas estão a tornar os acessos temporariamente gratuitos. O ideal seria que os serviços de internet ficassem igualmente livremente acessíveis para todos nestes dias também, tal como os acessos aos próprios conteúdos digitais. Seria uma boa ajuda para este momento de crise.

Neste momento de isolamento social, contamos, mais do que nunca, com os outros. Por isso, fiquem em casa, mas solidariamente conectados ao mundo, aproveitando para explorar outras dimensões da vida, pois amanhã o mundo será outro. Vemo-nos, depois, por aí.

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