Resposta da oposição a Bolsonaro repartida em duas manifestações

Aniversário do homicídio de Marielle Franco, no sábado, e protestos pela educação, na quarta-feira, marcam calendário de contestação ao Governo.

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Manifestações do Dia Internacional da Mulher tiveram como foco críticas ao Governo de Bolsonaro Reuters/AMANDA PEROBELLI

A oposição de esquerda ao Governo de Jair Bolsonaro tenta dar nas ruas uma resposta à manifestação do próximo domingo, de apoio ao executivo de extrema-direita. O Dia Internacional da Mulher, no fim-de-semana passada, foi um tímido pontapé-de-saída, mas são esperados mais iniciativas para os próximos dias.

No sábado, assinalam-se dois anos do homicídio da vereadora do Rio de Janeiro, Marielle Franco, e do seu motorista Anderson Gomes, e a data será aproveitada para mobilizar forças contra o Governo. O caso continua a ser investigado e a proximidade da família Bolsonaro com alguns dos suspeitos do crime tem servido para justificar as críticas de que o Presidente é um apoiante das milícias – organizações criminosas – cariocas.

Porém, o foco dos partidos de esquerda e dos movimentos sociais é o dia 18, para o qual já estavam marcadas várias manifestações em defesa da educação e dos serviços públicos. Com a convocatória “bolsonarista” na agenda, os actos de dia 18 passaram a incluir uma rejeição mais ampla do Governo sob o lema “Ditadura nunca mais”.

“Está cada vez mais claro que o Bolsonaro tem uma sanha de ditador”, disse ao site Terra o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Tecto e ex-candidato presidencial, Guilherme Boulos. “Ele quer construir um caminho autoritário para o Brasil. Não aceita oposição, não aceita contraponto, não aceita imprensa”, afirma.

Os organizadores das manifestações de dia 18 esperam repetir o sucesso dos protestos do ano passado, que também tiveram como mote a educação. Na altura, serviram para mostrar oposição aos cortes no financiamento das universidades federais. Uma das principais exigências é a saída do ministro da Educação, Abraham Weintraub.

A estratégia da oposição também assenta na denúncia do Governo fora do Brasil. O ex-Presidente Lula da Silva passou a última semana num périplo por vários países europeus, onde se reuniu com políticos de esquerda e deu entrevistas com críticas a Bolsonaro. O ex-chefe de Estado que ainda responde por vários casos de corrupção foi também condecorado como cidadão honorário de Paris.

Esta semana, mais de 80 entidades e associações brasileiras juntaram-se numa denúncia em relação à degradação dos direitos humanos no país junto das Nações Unidas. Organizações tão variadas como a Ordem dos Advogados do Brasil, o Conselho Indigenista Missionário e a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos, referiram os “graves ataques” que “corroem o Estado de direito e a democracia” no Brasil e pediram “urgente atenção” por parte da comunidade internacional.

Apesar das críticas, os principais partidos da oposição têm rejeitado avançar para um processo de destituição de Bolsonaro, embora reconheçam que já existem motivos válidos. “Bolsonaro tem dado motivos todos os dias mas a natureza do impeachment é política, tanto que quem julga é o Congresso e não o Judiciário”, justificou o secretário de Comunicação do Partido dos Trabalhadores, Jilmar Tatto.

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