Bolsonaro pede adiamento da manifestação de domingo por causa do coronavírus

Depois de ter desvalorizado a pandemia, Bolsonaro pediu à população para adoptar cuidados para evitar propagação.

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Bolsonaro começou por desvalorizar o coronavírus Reuters/Adriano Machado

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, pediu aos seus apoiantes para adiarem a manifestação planeada para domingo para evitar uma “explosão de pessoas infectadas” com o novo coronavírus. 

Num vídeo transmitido em directo através da sua conta de Facebook, Bolsonaro apareceu ao lado do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ambos a usar uma máscara de protecção a cobrir o rosto. Depois de enumerar os cuidados a ter para evitar a infecção covid-19, Bolsonaro referiu-se às manifestações marcadas para domingo por grupos apoiantes do Governo. “Devemos evitar que haja uma explosão de pessoas infectadas porque os hospitais não dariam conta. Como Presidente da República tenho de tomar uma posição”, afirmou Bolsonaro.

Como alternativa, continuou o Presidente, “uma das ideias é adiar, suspender, e daqui a uns dois meses faz-se”. 

O apelo de Bolsonaro deverá deixar sem efeito as convocatórias feitas nas últimas semanas para que fossem organizadas manifestações em todo o país para mostrar apoio ao Governo e criticar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal, duas instituições vistas como entraves aos projectos governamentais. Apesar de ter apelado ao adiamento da manifestação, Bolsonaro manteve o tom desafiador: “O recado foi dado ao Parlamento”, afirmou.

O discurso de Bolsonaro marca uma reviravolta na postura do Presidente face à pandemia de covid-19. Ainda há poucos dias, Bolsonaro desvalorizava a situação, dizendo que “outras gripes” tinham sido mais letais e que tudo não era mais que um exagero dos media. Esta quinta-feira, o secretário de Comunicação do Governo, Fábio Wajngarten, foi diagnosticado como tendo contraído o vírus após a viagem aos EUA, durante a qual se encontrou com o Presidente Donald Trump. 

O próprio Bolsonaro foi testado e o resultado será conhecido esta sexta-feira. Entretanto, a agenda do Presidente foi cancelada para os próximos dias, incluindo uma viagem ao Nordeste e uma entrevista à CNN Brasil, canal que se estreia no domingo.

O Brasil registou 77 casos até ao início da noite desta quinta-feira, a maioria dos quais no estado de São Paulo, mas as projecções apontam para uma subida acentuada nas próximas semanas.

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