Alemanha: Ala radical da AfD debaixo de vigilância por extremismo

Facção extremista dentro do partido Alternativa para a Alemanha vai ser sujeita a vigilância dos serviços de segurança internos.

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Björn Höcke é a cara da ala extremista da AfD e do partido no estado da Turíngia FILIP SINGER/EPA

A Alemanha vai aumentar a vigilância sobre a ala mais extrema do partido de direita radical Alternativa para a Alemanha (AfD), depois de os serviços de informação interna a terem designado como uma entidade extrema que ameaça a democracia.

A juventude do partido, assim como a sua secção na Turíngia, já são vigiadas pelo mesmo motivo.

“Hoje informo que ‘a Ala’ [como se auto-intitula esta facção] é agora considerada uma entidade extremista”, disse o chefe dos serviços secretos e de informação interna, Thomas Haldenwang. Os seus líderes são “extremistas de direita”.

A decisão desta quinta-feira do Gabinete de Protecção da Constituição (BfV), que vela pelo cumprimento da Constituição e ameaças à democracia, vigiando grupos com tendências anti-democráticas, de alguns grupos de extrema-esquerda até ao partido de extrema-direita NPD, passando pela igreja da Cientologia, é um golpe para a AfD.

Segue-se a ataques contra judeus (em Halle, por exemplo, onde em Outubro duas pessoas morreram num ataque a uma sinagoga), muçulmanos (em Hanau, onde um extremista matou nove pessoas em dois cafés onde se fuma shisha/narguilé), e políticos liderais, incluindo um da União Democrata-Cristã, que foi assassinado por um extremista que participou antes na campanha eleitoral da AfD.

Estes crimes tiveram consequências no sentido de segurança dos alemães (especialmente de políticos de cidades mais pequenas, e de minorias, judeus e muçulmanos).

O especialista em extrema-direita Kai Arzheimer diz que o partido tenta andar numa muito ténue corda bamba retórica para mostrar as suas tendências radicais e de questionamento do comportamento da Alemanha na II Guerra e sua cultura de memória, mas procurando não ser suficientemente explícito para ser sujeito a esta vigilância.

A AfD transformou-se de partido anti-euro quando foi fundada, em 2013, para partido anti-refugiados e anti-imigração em 2015, depois da decisão da chanceler Angela Merkel deixar entrar 800 mil refugiados, a maioria da Síria.
A sua ala considerada mais extremista, no entanto, tem-se destacado por declarações mais fortes, pró-nazis, e um tribunal decidiu, após queixa do próprio, que o seu líder Björn Höcke pode ser chamado “fascista”.

O partido no seu todo está ainda a ser avaliado. O chefe dos serviços secretos diz que se estima que 20% dos 35 mil membros do partido pertençam a esta ala extremista.

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