Coronavírus: já há albergues do Caminho de Santiago a fechar portas

Albergues de Valença e Vila do Conde fecharam, os Ponte de Lima e Coura encerram na sexta-feira. Outros, como em Caminha ou Viana, continuam abertos mas a situação pode ser reavaliada.

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Cumprir o Caminho de Santiago? Previna-se sobre apoios e alojamento no terreno Nelson Garrido

As caminhadas podem parecer uma boa opção para passeios por estes dias, mas é preciso garantir que há apoios no terreno, incluindo alojamento disponível. Para quem cumpre o Caminho de Santiago, as opções estão a reduzir-se: o albergue de Valença, que dá apoio aos peregrinos que percorrem o Caminho fechou esta quarta-feira e os de Paredes de Coura e Ponte de Lima, também no Alto Minho, encerram na sexta-feira. Mais a sul, Vila do Conde (Caminho da Costa), também fechou o albergue municipal, para já até 25 de Março.  

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara de Valença, Manuel Lopes (PSD), adiantou que a medida, que visa evitar a propagação da doença Covid-19, se prolonga também até final de Março.

Contactados pela Lusa, o presidente da Câmara de Ponte de Lima (CDS-PP) e o vice-presidente de Paredes de Coura (PS), adiantaram ter definido a data de 13 de Março, na sexta-feira, para o encerramento da estrutura que dá apoio aos peregrinos que percorrem o caminho central até Santiago de Compostela.

Ambos explicaram que “foram implementadas restrições no número de vagas nos dois albergues, menos de metade da ocupação total, mas o encerramento ficou marcado para sexta-feira tendo em conta que há peregrinos em trânsito e que necessitam de um local para pernoitar”.

Valença dispõe do primeiro albergue do peregrino do Alto Minho. Abriu em Fevereiro de 2005, dotado de 60 camas. O segundo albergue do distrito foi inaugurado em Maio de 2006 em Rubiães, Paredes de Coura. Em 2009 abriu o albergue de Ponte de Lima, com capacidade para acolher 70 pessoas.

Em Caminha, o albergue inaugurado, em 2012, com capacidade para alojar 32 peregrinos do caminho da costa, é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Caminha, mas é gerido pela Associação dos Amigos do Caminho de Santiago de Compostela.

O presidente, Alberto Barbosa disse à Lusa que a estrutura continua a funcionar, não estando previsto o seu encerramento, até pelo aumento do número de peregrinos registado nos últimos dias.

“Só na terça-feira recebemos 20 peregrinos, sobretudo alemães, quando na semana passada tínhamos apenas dois ou três. O movimento começou a aumentar com o início de Março e atingirá o pico a entre Julho e Agosto”, explicou.

Em Viana do Castelo, o presidente da Associação de Apoio ao Peregrino, que gere o albergue situado na freguesia de Castelo de Neiva, Adriano Fernandes, disse que a estrutura está aberta, e que até ao fim-de-semana, será avaliada a continuidade do seu funcionamento.

“Estamos a funcionar, com todas as medidas de precaução exigidas, mas se a situação piorar teremos de respeitar as decisões que forem tomadas. Se for para encerrar termos de o fazer, por tempo indeterminado. No entanto, defendo que a primeira abordagem aos peregrinos deveria ser feita nos aeroportos. À chegada deviam ser informados da situação que se está a viver”, disse.

No Convento do Carmo, no centro da cidade de Viana do Castelo, a estrutura criada em parte do imóvel para acolher 20 peregrinos também continua de portas abertas. O responsável, Ricardo Igreja, adiantou não ter “nenhuma indicação” que aponte para o encerramento.

Ricardo Igreja destacou que, “actualmente, a afluência de peregrinos é superior à registada em 2019”.

Em Carreço, o Albergue Casa do Sardão, por precaução, “diminuiu a capacidade para metade, mas permanece em funcionamento”.

“Temos capacidade para receber 25 peregrinos, mas dada a situação reduzimos para, no máximo, 14 pessoas”, reforçou o proprietário, Hugo Lopes.

O responsável adiantou que vai aguardar pelas orientações do sector para actuar em conformidade.

“Até estamos um pouco perdidos. O Turismo de Portugal é a entidade que tutela os estabelecimentos de hospedagem como é o caso do meu espaço, sendo que os municípios também têm uma palavra a dizer relativamente ao assunto. Não sei bem o que fazer. Vou aguardar”, referiu. 

Na sua página no Facebook, o município de Vila do Conde adiantou que o encerramento temporário ocorrerá, nesta fase, entre 11 e 25 de março, inclusive. “Findo aquele período far-se-á nova avaliação da situação, podendo o período de fecho ser prolongado”, admite.

Antevendo que esta decisão causará transtorno aos peregrinos que vão procurar o albergue para pernoitar, a autarquia argumenta que “a decisão tem por base o interesse e a salvaguarda da saúde e bem-estar comum”. E apela, por isso, “à compreensão de todos os que poderão ser afectados por esta decisão”. 

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