Mota-Engil fecha 2019 com volume de negócios recorde

Resultados da maior construtora nacional revelam o aumento do peso dos mercados africanos e do segmento da mineração. África tem 51% da carteira de encomendas da empresa. Obrigações de Angola ainda só permitiam encaixe de 20 milhões de euros

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António Mota, presidente da Mota-Engil, que tem Gonçalo Moura Martins como CEO Adriano Miranda

A aposta anunciada pelo grupo Mota-Engil em 2018 no segmento da mineração revelou já resultados expressivos em 2019: o segmento de actividade da mineração e energia (Mining, Oil & Gas) já pesa 35% no total da carteira de encomendas do grupo nortenho.

No comunicado que enviou à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), com as contas anuais de 2019, a empresa liderada por Gonçalo Moura Martins reporta um lucro de 27 milhões de euros (um crescimento de 13%) sendo que os resultados antes de impostos, juros e amortizações cresceram 3% para 420 milhões. No ano de 2019, a Mota-Engil teve mesmo um volume de negócios recorde, de 2484 milhões de euros. 

De acordo com a construtora, este volume de negócios contou com o “contributo balanceado entre regiões e com os negócios não-construção a representarem 19% do total”, tendo a Europa e África do Sul protagonizado o maior peso nas contas da empresa. Na Europa, a actividade da Mota-Engil aumentou 23% “beneficiando da melhoria da rendibilidade na Engenharia e Construção”. 

No mercado doméstico, as boas perspectivas continuam sempre a ser anunciadas - mas acabam, invariavelmente, adiadas. Desta vez, escreve-se que “a Mota-Engil está bem posicionada para beneficiar de adjudicações de grandes projectos em Portugal nos sectores de transportes e saúde (hospitais), com fundos da União Europeia garantidos”, e que os concursos públicos em Portugal subiram 50% para quatro mil milhões em 2019, “abrindo  oportunidades para adjudicações de grandes projectos em 2020”

O objectivo anunciado de apostar “em áreas de actividade com um maior período de actividade”, isto é, com contratos tipicamente de cinco ou mais anos, que garantam “uma maior sustentabilidade, capacidade de planeamento e geração de margem superior quando comparado com segmentos tradicionais de construção” já tinha sido anunciado no final de 2018. O resultado, volvido o ano de 2019, foi o “crescimento de 12% da actividade em África e pela melhoria das margens operacionais na Europa”, refere o grupo no comunicado enviado à CMVM.

O continente africano continua a ser o principal mercado da construtora, mas as agulhas de crescimento começam agora a mudar para outro país. A liderança que tinha Angola, onde a empresa tem uma presença histórica, vai ceder passagem a Moçambique, país em que a empresa tem o contrato mais valioso em curso, assinado com a Vale, para a mina de Moatize.

“Estima -se que Moçambique seja o principal contribuidor para o crescimento durante os próximos anos devido aos contratos em execução (Vale) e potenciais novos contratos que possam vir a ser adjudicados”, escreve Gonçalo Moura Martins, presidente-executivo da companhia (CEO) no comunicado enviado ao mercado e no qual manifesta a intenção de manter uma forte operação nos outros Mercados principais”.

A Mota-Engil marca presença em 11 países africanos, e em Angola continua a assegurar presença em contratos importantes, como o da requalificação da base naval do Soyo, com um investimento superior aos 250 milhões de euros. Ainda sobre Angola, na apresentação de resultados do grupo pode perceber-se qual foi o encaixe da Mota-Engil com a monetização das obrigações de tesouro angolanas, que recebeu como pagamento de dívidas: apenas 20 milhões de euros.

Ao nível do desempenho financeiro, o grupo registou um nível de investimento (ou capex, de capital expenditure) de 262 milhões de euros, “sendo a sua maior parte efectuado em África e na América Latina, e relacionado com contratos de médio e longo prazo no segmento de Ambiente, Mineração e Energia”.

Relativamente à dívida líquida, o valor aumentou em 230 milhões de euros, para 1185 milhões de euros.

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