PS pondera em Abril adiamento do congresso

Não se plantam árvores no Verão, mas no Outono, alegou o número dois do PS para não comentar possível candidatura de Ana Gomes à Presidência.

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Secretário-geral adjunto do PS não abriu jogo sobre as presidenciais Nuno Ferreira Santos

No princípio de Abril, o PS vai ponderar o adiamento do seu congresso, marcado para 30 e 31 de Maio, em Portimão, afirmou esta quarta-feira o secretário-geral adjunto, José Luís Carneiro.

“Em princípios de Abril será feita uma avaliação geral da situação, o adiamento do congresso é um cenário que não podemos afastar”, disse o dirigente socialista em entrevista à Antena 1. Este adiamento deve-se às incidências que a epidemia do novo coronavírus pode vir a ter nas próximas semanas no nosso país.

Aliás, foi por este motivo que o número dois do PS justificou o adiamento das eleições deste fim-de-semana para os órgãos federativos do Porto e Braga, bem como de todos os congressos federativos previstos para 4 e 5 de Abril, como foi já avançado pelo PÚBLICO. José Luís Carneiro concretizou, ainda, que a comissão permanente do seu partido se reúne esta quinta-feira para fazer o ponto da situação e adequar o calendário da vida partidária ao surto de covid-19.

No entanto, mostrou-se cauto quanto às repercussões da epidemia no cumprimento das metas orçamentais para este ano e, eventualmente, sobre a emergência de uma recessão. “Vamos aguardar”, comentou.

Sobre a celebração de Conselhos de Ministros descentralizados, Carneiro negou que seja peça de propaganda para as próximas eleições autárquicas. “São momentos [de contacto] regular com as forças vivas e os cidadãos”, garantiu.

Assegurou que, neste diálogo consistente não cabe tudo. “Há matérias de natureza estratégica que não são compatíveis com esse diálogo constante, mas há ganhos do ponto de vista da qualidade do processo político e democrático”, destacou.

Eleições futuras

Quanto às autárquicas, após a subida consecutiva de eleitos em 2013 e 2017 até à presidência das actuais 159 câmaras (mais duas em coligação), o dirigente que está na “cozinha” do PS não estabeleceu números. Mas, sim, dois objectivos: manter a liderança da Associação Nacional de Municípios Portugueses e da Associação Nacional de Freguesias.

Em relação às presidenciais, José Luís Carneiro recorreu à metáfora agrícola: “Esta não é a estação política para isso, não se plantam árvores no Verão, mas no Outono”. E, assim, evitou pronunciar-se sobre uma possível candidatura da ex-eurodeputada Ana Gomes.

Quanto a um segundo mandato do actual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, preferiu utilizar o respeito institucional. “Marcelo Rebelo de Sousa é Presidente da República no exercício pleno das suas funções”, observou. “Seria diminuir a actividade do actual Presidente da República, ainda não é o tempo”, concluiu.

Quanto à intervenção do Presidente na comemoração do 30º aniversário do PÚBLICO, que classificou como mensagem ao país, o secretário-geral-adjunto do PS achou-a destinada a quem tem adoptado uma atitude tacticista. E apontou ao PSD, exemplificando com o IVA da electricidade e a solução Montijo para descongestionar o aeroporto Humberto Delgado, de Lisboa.

“A mensagem fundamental do Presidente da República é que as legislaturas têm de chegar ao seu termo e o Governo está a procurar cumprir o seu mandato”, sintetizou.

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