Recandidatura de Pinto da Costa avança com renovação da direcção e do Conselho Superior

Esta será uma das medidas do presidente do FC Porto, que no dia 19 formalizará a entrada na corrida ao 15.º mandato.

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LUSA/ESTELA SILVA

A cerca de uma semana do final do prazo para a apresentação das listas de candidatos à presidência do FC Porto, acentuam-se as movimentações e afinam-se estratégias para a ida às urnas, agendada para 18 de Abril. Com a recandidatura à liderança apenas pendente da formalização, Jorge Nuno Pinto da Costa prepara-se para um acto eleitoral em que contará com oposição directa e, ao que o PÚBLICO apurou, o dirigente já tomou a decisão de avançar com uma renovação profunda da direcção e do Conselho Superior.

Esta será uma forma de o actual presidente do FC Porto enviar uma clara mensagem interna e aplacar, simultaneamente, algumas das críticas que lhe têm sido dirigidas de fora. Até porque o primeiro movimento assumido de oposição ao elenco directivo dos “dragões” nasceu justamente com o objectivo de dar uma nova voz ao Conselho Superior, um órgão de perfil consultivo.

Sob o lema “Por um Porto Insubmisso, Ecléctico e Triunfante”, um conjunto de associados encabeçado por Miguel Brás da Cunha deu já conta da vontade de tornar o Conselho Superior no “principal auxiliar da direcção na definição da estratégia” de um clube que pretende que seja “mais importante do que qualquer um dos seus sócios, dirigentes ou atletas”.

No figurino actual do órgão que ainda está em funções, são 20 os membros efectivos (com nomes que vão de José Lourenço Pinto a Manuel Pizarro ou Nuno Cardoso) e 10 os suplentes, preparando Pinto da Costa uma mudança que seja capaz de enviar um sinal de renovação num período em que parece crescer a contestação interna.

Maior impacto do que esta medida terá, seguramente, a anunciada renovação significativa dos rostos da direcção, actualmente composta pelo próprio presidente, naturalmente, e pelos “vices” Adelino Caldeira, Alípio Fernandes, Eduardo Valente, Emídio Gomes e Fernando Gomes, responsável pelo pelouro financeiro. Este grupo restrito de “notáveis” (que tem três elementos em comum com o elenco da SAD) tem sido, de resto, um dos grandes alvos das críticas que têm vindo a lume nos últimos tempos, não só (mais recentemente) pela voz dos demais (e eventuais) candidatos à presidência, mas também de antigos dirigentes ou referências desportivas do clube.

Foi assim com Angelino Ferreira, antigo administrador da SAD: “Com esta gestão e estas pessoas, não estarei nunca disponível para poder pensar em regressar”, revelou numa entrevista à Antena 1, há dois anos. Foi assim com o antigo guarda-redes Vítor Baía, em Março de 2016: “Nos últimos seis, sete anos temos assistido a uma destruição do que é a cultura e o modelo de gestão do FC Porto, cultura essa que é a do negócio, do entreposto de jogadores”, apontou na CMTV. E foi assim com adeptos como o deputado Carlos Abreu Amorim, que, na mesma altura, apontou o dedo a uma “direcção acomodada e sem estratégia”.

Se é verdade que as críticas vão oscilando em função da performance desportiva da equipa de futebol profissional, também é indesmentível que o desequilíbrio nas contas trouxe à luz do dia alguns opositores até agora na sombra. O prejuízo de 51,8 milhões de euros registado no primeiro semestre de 2019-20, agravado pelos sinais de alarme há muito accionados pelo garrote financeiro da UEFA, contribuiu para um cenário sombrio. Cenário, esse, que terá de ser gerido com um fardo de 86,9 milhões de euros de capital próprio negativo, que obriga a uma política orçamental que passa por um encaixe anual na ordem dos 78 milhões de euros em mais-valias na venda de passes de jogadores.

Na corrida às eleições, Pinto da Costa (que até ao próximo dia 19 formalizará a candidatura a um 15.º mandato) contará, até ver, com a concorrência do jurista José Fernando Rio, o único a assumir inequivocamente o desafio, depois de o médico Martins Soares ter recuado na intenção inicial e de o empresário João Rafael Koehler continuar em fase de ponderação.

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