Liverpool não fecha as portas: bem-vindos a Anfield

Diego Simeone prefere um jogo com público e diz que o inverso não seria justo para os “reds”. Mbappé fez teste que despistou hipótese de estar infectado com covid-19.

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LUSA/PETER POWELL

Mesmo em contagem decrescente para o título inglês, Jürgen Klopp anda diferente, mais sério, alterado até, especialmente quando instado a comentar assuntos fora da esfera puramente futebolística. O treinador alemão do Liverpool rejeita quaisquer incursões a campos como o do coronavírus, enquanto tenta focar-se no jogo decisivo da segunda mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões e na recepção ao Atlético de Madrid (20h), que viaja até Inglaterra com um golo de vantagem.

Assim, esta noite não há como contornar a questão, especialmente em Anfield: com cerca de 3.000 hinchas espanhóis a semearem o pânico entre ingleses perfeitamente incrédulos perante a decisão de disputar o jogo à porta aberta — quando todos os restantes clubes anunciam medidas de contenção. Em causa, além de todas as implicações de uma epidemia, está, explicitamente, a discrepância de casos confirmados em Espanha (cerca de 1650, com 35 mortes) e no Reino Unido (cerca de 370, com seis fatalidades). 

Desconfortável, Klopp interpela os jornalistas espanhóis, perguntando se a viagem valerá realmente a pena, quando jogadores “saudáveis” não podem cumprimentar-se. Curiosamente, foi o próprio o técnico alemão, no final do encontro do Wanda Metropolitano, a dar as boas-vindas a Anfield Road — em tom de aviso. Na altura, estava longe de imaginar um cenário tão dramático. 

Chamado à Terra após três derrotas em duas semanas (Atlético Madrid, Watford e Chelsea), Klopp espera um Atlético especialmente hermético, depois da vantagem conquistada (1-0) na primeira mão. O alemão destaca a muralha “colchonera” e eleva o adversário ao estatuto de uma das melhores defesas da actualidade, confiando, ainda assim, na magia de Anfield, onde já confirmou a ausência do guarda-redes brasileiro Alisson Becker (lesionado), melhor de 2018-19 para a UEFA, The Best (2019) e primeiro vencedor do prémio Yashin (2019). Na baliza surgirá o espanhol Adrián San Miguel... perito em penáltis e a provocar os compatriotas com frases lapidares: “Será difícil defenderem outra vez 95 minutos”. Recuperados estão o capitão Jordan Henderson e o lateral Robertson.

A resposta será, naturalmente, da responsabilidade de Diego Simeone, que volta a contar com o português João Félix. Apesar de ser uma estreia em Anfield, onde nunca actuou “nem como jogador nem como treinador”, o técnico argentino não se deixará deslumbrar, optando por um discurso elogioso para os “reds” e para Jürgen Klopp e dizendo-se preparado para sofrer. Simeone assume que espera “poder jogar com público” apesar da pressão de Anfield, afirmando que “não seria justo para o Liverpool”.

Ligeiramente menos mediática do que a sobrevivência do campeão europeu, apesar das notícias incontornáveis sobre a amigdalite de Kylian Mbappé (em dúvida) — a levantar suspeitas de infecção por covid-19, entretanto despistadas por um teste negativo —, a partida do Parque do Príncipes, em Paris, entre PSG e Borussia Dortmund, oferece uma segunda oportunidade aos franceses, cuja única derrota desde o dia 1 de Novembro (27 jogos) ocorreu precisamente na primeira mão dos “oitavos”, em Dortmund (2-1), com um “bis” do fenómeno norueguês Erling Haaland. 

O golo apontado por Neymar poderá ser decisivo, mas os alemães, com o campeão europeu Raphael Guerreiro atento, estão dispostos a prolongar a maldição dos parisienses, afastados nos oitavos-de-final nas últimas três edições. Tudo para acompanhar à distância, num estádio sem público, depois de treinos à porta fechada, com os protagonistas a evitarem a imprensa.

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